• Sede pelo poder

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  • 21/02/2020 14:53

    O texto de Juízes 9.1-6 nos conta como Abimeleque, filho de Gideão, joga seus parentes uns contra os outros, contrata mercenários e mata 69 dos seus irmãos para ocupar o trono em Siquém. Que tipo de rei será um homem que mata seus próprios irmãos para se apoderar do trono? 

    Este texto é apenas um exemplo das arbitrariedades que ocorreram ao longo da história da humanidade. Nas cortes dos antigos impérios, era normal matar irmãos, pai, filhos para ficar no poder. 

    Assim, ao longo da história, as arbitrariedades continuam. Os métodos mudam, mas pessoas usam a mentira, a falsidade e a violência para chegar e manter-se no poder. A falta de amor, a falta de respeito pela vida do seu semelhante faz com que vidas inocentes sejam jogadas em sofrimento. O desejo pelo poder ainda hoje faz o ser humano dominar e subjugar seus semelhantes. É o afastamento de Deus que leva a esse comportamento violento. 

    Nós sabemos, como cristãos, que não devemos agir assim. O próprio Cristo diz: “Como vocês sabem, os governadores dos povos pagãos têm autoridade sobre eles, e os poderosos mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de vocês. Porque até o Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida para salvar muita gente.” (Mateus 20.25-28) 

    As autoridades foram colocadas por Deus e “estão a serviço de Deus e trazem o castigo Dele sobre os que fazem o mal.” (Romanos 13.4) 

    Martin Lutero, em seu livro “Da autoridade secular”, escreve: é da “vontade de Deus que a espada e o poder secular sejam usados para castigar os maus e proteger os íntegros.” (p. 15), criar “paz exterior” e combater “as obras más” (p. 22).

    Lutero considera que o Estado/Governo é de “grande e necessária serventia para todo o mundo, para que seja mantida a paz, castigado o pecado e combatidos os maus.” (p. 26) Lutero considera que o cristão deve assumir cargos públicos, exercendo a autoridade no cargo em que vier a ocupar “para o bem de teu próximo e para a preservação da segurança e paz para os outros.” (p. 29), não tirando proveito para si ou para sua propriedade, nem com a intenção de vingança. “Nenhum cristão deve tomar e invocar a espada para si e para sua causa. Em favor de outros, porém, pode e deve tomá-la e apelar a ela para que se impeça a maldade e se proteja a honestidade.” (p.40) 

    Lutero também escreve aconselhando a autoridade cristã quanto à sua conduta no cargo que exerce. Ele diz: “Um príncipe deve dividir suas atenções em quatro sentidos: 1. Em relação a Deus deve ter verdadeira confiança e sincera oração; 2. Em relação a seus súditos, deve dirigir-se com amor e serviço cristão; 3. Em relação a seus conselheiros, deve manter um critério livre e um discernimento independente; 4. Em relação aos malfeitores, deve mostrar seriedade modesta e rigor.” (p. 75, 76) No entanto, o que fazer quando a própria autoridade é má, como o exemplo de Abimeleque e tantos outros ao longo da história? Lutero também vê a realidade da corrupção entre os príncipes e líderes do Estado. Ele escreve: “E, deves saber que, desde o início do mundo, um príncipe sábio é ave rara, um príncipe honesto mais raro ainda.” (p. 55) 

    Sede de poder é consequência do afastamento de Deus. Ser um governante que pensa somente em seu benefício e corrupto também. Quando nós, como cristãos, formos ocupar cargos públicos, procedamos como diz a Sagrada Escritura: para servir os outros e castigar os maus. 

    Conheça a Igreja Evangélica de Confissão Luterana em Petrópolis. Avenida Ipiranga, 346. Cultos todos os domingos às 09:00h. Tel. 24.2242-1703. 

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