• O que restou dos Índios Coroados?

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  • 09/02/2020 08:00

    Quem poderia imaginar que somente depois de duzentos anos após a descoberta do Brasil, os colonizadores portugueses resolveram finalmente realizar a escalada deste paredão de pedra que hoje é conhecido como da Serra da Estrela? Realmente vencer aquele enorme obstáculo, criando um caminho a ser percorrido em cima de mulas, naquela época, era algo totalmente incompreensível. E além disso, pela falta de recursos técnicos, era tudo profundamente perigoso. Mas aquela seria a melhor alternativa para a criação de um novo caminho, para ligarem a cidade do Rio de Janeiro com a capital mineira, a famosa Vila Rica, hoje chamada de Ouro Preto. Tudo isto para facilitar o escoamento do ouro mineiro para a capital lusitana.

    Mas o pior de tudo só foi revelado quando eles finalmente chegaram por aqui, no local onde hoje nós vivemos. Foi ai que eles se defrontaram com uma tribo indígena, violentamente agressiva, que se agrediam entre si e era totalmente impossível de ser colonizada ou ser tentado qualquer tipo de confraternização com aqueles indígenas serranos. Só o tempo diria ser possível.

    Mas por que eles teriam sido apelidados de “índios coroados”? Aquela designação nada tinha a ver com a família imperial, que só viria a se aproximar destas terras muito tempo depois. O nome surgiu porque eles raspavam suas cabeças deixando apenas um pouco de cabelos no topo das mesmas, fazendo com que seus penteados parecessem como uma coroa. Ou algo semelhante.

    Com a criação da primeira propriedade particular nesta região, o apelido de “Sertão dos Índios Coroados”, foi trocado para “Fazenda do Córrego Seco”. Isto tudo pelo simples fato de que a chegada à este local era feito pelo atual bairro do Alto da Serra, onde todos davam de cara com o rio que vinha do alto Morin. Ao se defrontarem com o dito cujo, eles chegaram à conclusão de que não havia a necessidade de ser criada uma ponte, pois o mesmo tinha um pequeno volume de água e podia ser atravessado no lombo das mulas usando-se as pedras por ali existentes. Dai então veio o nome da fazenda. Hoje o córrego se chama rio Palatino e não é mais tão seco.

    Outras moradias foram criadas na região e, entre elas, a mais conhecida de todas foi a Fazenda do Padre Correia, local onde pernoitavam todos os viajantes ilustres que se dirigiam para o interior, em direção das ricas minas gerais. O mais famoso de todos os seus hóspedes habituais foi o imperador dom Pedro I, que acabou adquirindo a fazenda vizinha do Córrego Seco. Mas, com a sua ida definitiva para Lisboa e o seu falecimento repentino aos 43 anos de idade, ela ficou abandonada por 13 anos, até a maioridade de seu filho, o nosso dom Pedro II. Como todos sabemos que ele sempre defendeu os escravos, o mesmo deve ter acontecido com os descendentes daqueles indígenas. Hoje completamente informatizados.

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