
Era 9 de outubro de 1902. Petrópolis perdia o status de capital do Estado do Rio de Janeiro e vivia o desafio da transição política, com a volta da administração estadual para Niterói. Nesse cenário de mudanças, nasceu um jornal que se tornaria parte da própria identidade da cidade: a Tribuna de Petrópolis. Desde o primeiro exemplar, a missão foi clara — estar ao lado do petropolitano, registrando suas lutas, conquistas e esperanças.

De lá para cá, a Tribuna atravessou dois séculos e muitas tempestades. Enfrentou duas pandemias — a gripe espanhola, em 1918, e a covid-19, em 2020 —, duas guerras mundiais e grandes crises econômicas, como as de 1928 e 2009. Esteve presente nas tragédias e reconstruções das chuvas de 1966, 1988, 2011 e 2022, e em cada um desses momentos reafirmou seu compromisso de ser a voz e o espelho da cidade.
Nos primeiros anos, o jornal passou por diferentes endereços no Centro Histórico, até fixar morada, em 1928, no local onde o Grupo Tribuna permanece até hoje — um terreno que integrava o antigo Grande Hotel Bragança.
Naquela época, a Tribuna já tinha caído no gosto popular. A construção da atual sede recebeu doações espontâneas, que auxiliaram na execução do projeto. A inauguração da nova sede foi em 12 de janeiro de 1929 e contou com a presença de mais de mil pessoas.

A tradição, no entanto, nunca significou estagnação. Também em 1928, o jornal adquiriu uma máquina linotipo, considerada um progresso na história das artes gráficas, que permaneceu em operação por 64 anos. Hoje, a antiga máquina repousa na portaria da sede — uma relíquia que lembra, todos os dias, a jornada de modernização que nunca cessou.
Em 1985, sob a liderança de Francisco Orleans e Bragança, a Tribuna expandiu sua voz para o rádio, conquistando uma concessão de FM e aproximando-se ainda mais da população. Assim nasceu a Tribuna FM, que hoje está entre as 15 maiores audiências do Estado do Rio, alcançando Petrópolis, a Região Metropolitana e até parte da Região dos Lagos.
A Tribuna adaptou-se novamente às mudanças digitais e migrou totalmente para o ambiente online, em 2020. Agora, a notícia que antes chegava às bancas passou a caber na palma da mão do leitor, sem perder a credibilidade construída ao longo de mais de um século. Hoje, só no Instagram, são mais de 154 mil seguidores.
Sob a direção de Francisco de Orleans e Bragança e Gabriel de Orleans e Bragança, o jornal mantém viva sua missão e escreve novos capítulos dessa trajetória que se confunde com a própria história de Petrópolis.
“É muito importante para uma cidade ter um jornal com mais de cem anos. Além disso, a modernização que fizemos, quando, durante a pandemia, migramos do jornal impresso para o digital, resultou na seguinte equação: rapidez versus qualidade da notícia. A Tribuna tem isso de primar, ao máximo, por ambas. E a nossa credibilidade faz parte da nossa história. Servimos como fonte, inclusive, para outros jornais. Além disso, todos os nossos setores, desde a redação até a administração, todos os envolvidos, contam com pessoas jovens, que possuem uma mentalidade antenada nas transformações do século XXI. Cada ano que passa celebramos não o envelhecimento, mas o amadurecimento e a inovação do jornal”, comemorou o diretor, Francisco de Orleans e Bragança.
Gabriel de Orleans e Bragança, a promessa da nova geração da Tribuna de Petrópolis, celebra o papel social do jornal e comenta sobre o futuro. “O que eu enxergo de mais importante nessa história, além do aspecto informação com credibilidade, é a nossa função social, fundamental para a cidade. Esse é o nosso legado.”
Hoje, a Tribuna é um grupo de comunicação regional consolidado, com presença digital crescente e uma rádio entre as mais ouvidas do estado. Ao mesmo tempo, mantém vivo o espírito do primeiro editorial, publicado em 1902 — o compromisso com “os sentimentos do bem, da verdade e da justiça”.
“(…) O facto é que a imprensa entre os povos livres e altivos é arma poderosíssima, bello e reluzente instrumento cirúrgico, capaz de operar milagres em benefício do organismo social ou de nelle causar os maiores desastres, males irreparáveis – conforme os que manejam se achem inspirados nos sentimentos do bem, da verdade e da justiça, em deixar abafar a consciência pela onda de ódio, da ambição e da disputa.”
Texto “O nosso objectivo”, n. 1, 9/10/1902 – Editorial Tribuna de Petrópolis.