
O número de vítimas de acidentes de trânsito voltou a subir em setembro, de acordo com dados do Hospital Santa Teresa (HST), divulgados na última sexta-feira (03). Ao todo, foram 127 vítimas, o que representa um aumento de 4,1% em relação ao mês anterior. Já o total de atendimentos na Sala de Trauma da unidade caiu 2,3% no mesmo período, somando 168 casos. O Hospital é referência para estes atendimentos na cidade.
O alto número de vítimas — que representa 75,6% de todos os atendimentos da Sala de Trauma — tem impactado diretamente a rotina do hospital. Em audiência realizada em setembro, o coordenador de Ortopedia do HST, Rogério Góes, afirmou que cirurgias eletivas precisaram ser suspensas devido à chegada de pacientes com traumas graves.
Segundo o médico, os casos de trauma também estão mais complexos. Ele citou como exemplo uma vítima de acidente de carro que apresentou múltiplas fraturas, necessitando de internação prolongada e diversas intervenções cirúrgicas.
“Nós temos firmado um contrato com a entidade Santa Teresa de realizar 5 (cinco) cirurgias de trauma por dia, mais as cirurgias de especialidades. Os traumas aumentaram e muito a complexidade, levando a um maior tempo de internação e a um maior número de cirurgias no mesmo paciente. Isso impacta a ocupação de leitos do HST. Realmente nós tivemos uma redução no número de cirurgias no último ano por conta de vários procedimentos que são realizados no mesmo paciente”, explicou na audiência.
Também em setembro, a 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Petrópolis realizou uma reunião com o grupo de trabalho (GT) criado para discutir medidas de redução dos acidentes de trânsito no município. O GT foi formado a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) e reúne representantes da Companhia Petropolitana de Trânsito (CPTrans), das Secretarias Municipais de Saúde, Educação e Obras, da Guarda Civil Municipal, do Corpo de Bombeiros e das Polícias Civil e Militar.
“O GT foi criado para traçar um diagnóstico das causas desse aumento e propor medidas e ações públicas, tanto estruturantes como não estruturantes, para a redução do número de vítimas de acidentes de trânsito no município. O objetivo final é a criação de um plano de redução de acidentes, e isso depende da análise de dados gerados por diferentes órgãos, produzindo um diagnóstico comum e tendo uma visão completa do panorama observado na cidade”, destacou a promotora de Justiça Vanessa Katz.
O Anuário Estatístico de 2023 mostra que as motocicletas representam cerca de 20% da frota, mas estão envolvidas em mais de 60% dos acidentes registrados nas vias da cidade. Ainda segundo o levantamento, 70% das mortes no trânsito estão relacionadas a acidentes com motos.
Durante a reunião no MPRJ, o Corpo de Bombeiros informou que, entre janeiro e julho, foram registrados 52 acidentes de colisão frontal entre motocicletas.
Em setembro, os feridos em acidentes de moto representaram 63,8% dos casos de trânsito que deram entrada no HST, com 81 registros. Esse número corresponde a 48,2% de todos os atendimentos realizados pela Sala de Trauma no período.
Na reunião com o MPRJ, ficou definido que, até o final de outubro, será apresentado um diagnóstico com as principais causas do aumento das vítimas de trânsito em Petrópolis, a fim de embasar ações concretas de prevenção e redução dos acidentes.
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