• Gleisi & Grazziotin

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  • 28/06/2016 12:00

    As senadoras Gleisi Hoffmann  e Vanessa Grazziotin jogam juntas e íntimas na tropa de choque em defesa do mandato de Dilma Rousseff. Ousadas, agressivas e desafiadoras, valem-se de sua condição feminina, da extrema paciência e da cordialidade do presidente da Comissão de Impeachment do Senado. Adotam um discurso repetitivo e procuram sempre ganhar no grito.

    Hoje, aonde chegam, são recebidas com apupos. E as sondagens de opinião já registram elevados índices de rejeição a seus nomes, fato que implicará em inevitável derrota nas próximas eleições que possam disputar. Após serem eleitas para o Senado, em pleito atípico, realizado ainda sob influência do equivocado prestígio de Lula da Silva, as duas já experimentaram expressivo fracasso, quando candidatas ao comando das prefeituras de Curitiba e Manaus.

    Há também entre elas marcada identidade em relação a seus maridos, ambos sob pesadas acusações de corrupção e outras fraudes. Enquanto o marido de Gleisi, Paulo Bernardo, é preso em São Paulo, em operação derivada da Lava-Jato, o marido de Grazziotin, Eron Bezerra, é condenado por improbidade administrativa, com suspensão de direitos políticos por oito anos, em decisão da Justiça amazonense.

    Os ilícitos que teriam sido praticados pelos implicados revestem-se de extrema gravidade. Um, em fase avançada de apuração, com  provas robustas, segundo o Ministério Público e a Polícia Federal de São Paulo. E outro, com sentença condenatória já prolatada. Paulo Bernardo é acusado de ter tungado importâncias de vencimentos e proventos de servidores públicos, via empréstimos consignados, em manobra orquestrada quando ministro do Planejamento do governo Lula. É incrível, o absurdo dos absurdos, um membro proeminente do PT apropriando-se criminosamente de minguados recursos de pobres e indefesos trabalhadores. Eron Bezerra é apenado porque teria contratado ilegalmente serviços de empresas terceirizadas para trabalhos que deveriam ser realizados exclusivamente por funcionários públicos, quando titular da Secretaria de Produção Rural do Estado do Amazonas.

    Em toda a tragédia lulopetista, no submundo da ação política corrupta e de balcão, talvez vista com normalidade por eles e elas, como coisa típica da moral burguesa, num ponto Gleisi e Grazziotin diferem. Gleisi Hoffmann insiste em defender o marido Paulo Bernardo, como injustiçado, na condição de pai de seus filhos. Ao contrário do que fez Vanessa Grazziotin, que virou as costas a Eron Bezerra. Segundo o jornal O Globo, declarou que “não se envolve em problemas judiciais do marido, que o problema é dele e que tem muitos problemas para cuidar”, exemplo de solidariedade esponsal e comunista.

    De uma ou de outra forma, ainda que Lula da Silva tenha determinado que não se deve ‘abaixar a cabeça’, a partir de seu bunker em São Paulo – o instituto que leva seu nome, é visível a desesperança dos senadores lulopetistas. No frigir dos ovos, até quando Lindbergh Farias, citado na Lava-Jato, Gleisi Hoffmann, com o marido preso, Vanessa Grazziotin, com o marido condenado, Fátima Bezerra e José Pimentel resistirão?

    No episódio de busca e apreensão determinada pelo juiz paulista, Paulo Bueno de Azevedo, no apartamento funcional de Gleisi, mostra-se mais uma vez deplorável o comportamento do presidente do Senado, o suspeitíssimo Renan Calheiros, ao se insurgir contra a medida em reclamação perante o Supremo Tribunal Federal. Trata-se de atitude corporativista, consagradora de privilégios inadmissíveis nos dias atuais, que tornam inalcançáveis as residências de Suas Excelências, como príncipes de um mandarinato em pleno século XXI.

    paulofigueiredo@uol.com.br

     

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