• Funcionária é vítima de racismo no 1º dia de trabalho em farmácia de SP

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  • 12/set 15:42
    Por Renata Okumura / Estadão

    Uma jovem foi vítima de racismo no seu primeiro dia de trabalho em uma unidade da Drogasil, em São Paulo. O caso envolvendo Noemi Oliveira Silva foi registrado em 2018, mas viralizou recentemente após a publicação do vídeo feito na época. A rede de drogarias afirma que lamenta o episódio e reitera compromisso da RD Saúde com o respeito, a diversidade e a inclusão.

    As imagens foram, inclusive, compartilhadas em grupo de funcionários da rede farmacêutica – prática adotada para apresentar novos funcionários, segundo disse a defesa de Noemi. Precisando trabalhar, a jovem continuou na empresa até 2022, quando foi demitida e entrou com ação.

    Conforme o Tribunal Regional do Trabalho da 2º Região, no caso em questão, o Regional fixou a indenização por danos morais no valor de R$ 37.258,05. Com correções monetárias, ela recebeu cerca de R$ 52 mil, de acordo com a advogada de defesa Daniela Calvo Alba. O processo chegou ao fim em 2024. Após o período de execução, o pagamento foi feito pela empresa em fevereiro de 2025.

    As ofensas racistas entram dentro de um processo trabalhista que a jovem moveu, em 2022, contra a rede de drogarias sobre horas extras e intervalo de descanso que não era respeitado, mas ela aceitou, por orientação da defesa, incluir pedido de danos morais em razão do ato de preconceito.

    Por meio das redes sociais, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) disse nesta terça-feira, 12, que repudia com veemência qualquer ato de racismo ou preconceito no ambiente de trabalho farmacêutico.

    “Somente agora, sete anos depois, a vítima publicou em suas redes sociais o vídeo registrado na época. Nas imagens, a própria pessoa responsável pelas ofensas grava Noemi se apresentando à equipe. Logo em seguida, dispara palavras cruéis: ‘Tá escurecendo a nossa loja? Acabou a cota, tá, gente? Negrinho não entra mais’. O sorriso de Noemi se apaga imediatamente diante da humilhação”, descreve o CFF.

    O presidente do CFF, Walter Jorge João, destaca que racismo é crime e deve ser denunciado, e afirma que o conselho continuará apoiando medidas para proteger trabalhadores e trabalhadoras contra qualquer forma de discriminação. “Nossa resposta é clara: não aceitaremos injustiça ou desrespeito em nenhuma circunstância”, disse João.

    Veja na íntegra o posicionamento da farmacêutica:

    “Lamentamos profundamente o episódio que ocorreu em 2018. Reiteramos o compromisso da RD Saúde com o respeito, a diversidade e a inclusão. Nossa empresa não compactua com nenhum tipo de discriminação. Diversidade e respeito são valores primordiais.

    Temos investido de forma consistente em desenvolvimento de carreiras e iniciativas de promoção e de equidade racial. Em 2024, encerramos o ano com mais de 34 mil funcionários pretos e pardos e nos orgulhamos de ter atualmente 50% das posições de liderança ocupadas por pessoas negras, resultado direto de programas estruturados de inclusão e valorização. Nosso propósito é continuar investindo em ações concretas para garantir ambientes de trabalho diversos e inclusivos e contribuir para uma sociedade mais justa e igualitária.”

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