
Enquanto casas populares patinam, construtoras lançam mais de mil apartamentos
Nesse fim de semana você leu, nas páginas da Tribuna, a polêmica envolvendo um empreendimento imobiliário na Castelânea, que teria iniciado suas vendas mesmo sem licenciamento ambiental e estudo de impacto viário, entre outros problemas. Esse condomínio, o Kastell Residencial, é parte de um certo “boom imobiliário” que a cidade vive hoje. São pelo menos sete grandes conjuntos habitacionais que estão sendo construídos, com mais de mil apartamentos ao todo e preços que variam de R$ 350 mil até a casa dos R$ 900 mil. E é impossível não traçar esse paralelo com a dificuldade em pelo menos dar início à construção de casas populares. Com déficit habitacional de 12 mil moradias, 234 locais de alto risco e uma condição geológica única no Brasil, Petrópolis deveria tratar o assunto como prioridade e ver suas demandas também tratadas com prioridade pelos governos estadual e federal. Mas tudo é bem mais lento. Outra coisa que fica difícil para o cidadão, especialmente quem foi vítima de uma das tragédias climáticas e aguarda sua casa popular, é entender o porquê os sucessivos governos, há décadas, alegam que é difícil encontrar terrenos enquanto construtoras privadas são bem mais, digamos, competentes nesse sentido, conseguindo ótimas localizações para realizar seus empreendimentos privados em regiões como Corrêas (que se tornou praticamente um bairro “vertical” na última década), Nogueira, Samambaia, Quitandinha, Quarteirão Ingelhein, entre outros.
Projeto mais adiantado demorou 10 anos para ser destravado
Dos projetos em andamento, o que está mais “adiantado” é uma obra aguardada há mais de dez anos: a do terreno do Governo do Estado na Rua Alberto de Oliveira, na Mosela. Lá, devem ser feitas 140 unidades. A atual gestão e o Estado voltaram a se entender nesse ano para tentar destravar a obra. Mas ainda é pouco: o próprio Governo Estadual tem outros terrenos, em Benfica e no Vale do Cuiabá. Ainda há a polêmica do Vale do Caetitu, local onde, em 2014, chegou a ser cogitada a construção de 720 casas populares. Houve muito protesto dos moradores e denúncias de que a área era de preservação. A gestão passada remodelou para 250 unidades e tentou incluir o projeto no PAC, mas a coisa não andou.
Onde houve entrega de casas, sobraram problemas depois
Esse problema da habitação retrata uma questão social complexa que não se restringe à falta de moradia. Nos últimos 20 anos, foram entregues as “casinhas” em locais como a Rua Ceará, no Quitandinha, e no Vicenzo Rivetti, no Carangola – onde, praticamente ao lado, foi entregue um grande condomínio, com 776 apartamentos. A falta de acompanhamento e de serviços sociais têm gerado uma série de problemas. No Vicenzo, o prédio foi inaugurado em 2020, mas a Unidade Básica de Saúde (que deveria ser entregue junto com o equipamento) só foi entregue no final de 2023 e a creche, ao lado, ainda está em obras, cinco anos depois. Nas “casinhas” do Quitandinha, os moradores, sem receber qualquer orientação sobre o que poderiam ou não fazer, iniciaram a construção de “puxadinhos” não habitáveis – como espaços de garagem, por exemplo – e agora têm que demolir por decisão judicial.
No mais
A criação da Secretaria Municipal de Habitação foi justificada com esse discurso de dar à área protagonismo e deslanchar esse tipo de construção. A ver.
Irra!
Falando em habitação… Partisans inacutos que, como quem não quer nada, estavam dando uma googlada para saber quem era o novo secretário de Habitação, acharam… Uma ata da Câmara de 2022 na qual o então vereador interino Léo França acusou o atual titular da pasta, Guilherme Moreira, de ter sido funcionário fantasma na Câmara! E não foi com meias palavras, não: foi com nome, sobrenome… Só faltou endereço. Que Léo França até sabe onde é, segundo dizem.
Alô, Enel!
Mesmo fora do período mais crítico do verão, os problemas com a energia elétrica continuam causando prejuízos aos consumidores e à economia. Uma academia do Quitandinha teve oito esteiras danificadas após três quedas de luz em sequência no último sábado (6/9). Os clientes foram orientados a irem para uma outra unidade da mesma rede, que teve que arcar com o prejuízo do conserto.
Desfile acessível
Vale menção uma iniciativa bem bacana no tradicional desfile do Dia da Independência na Rua do Imperador: a festa foi mais acessível esse ano, com tradução em libras. A iniciativa foi da professora de Libras da Unifase e servidora da Secretaria de Esportes e Pessoa com Deficiência da Prefeitura, Clévia Sies.
Onde já se viu…
Acabou viralizando um mau exemplo na manifestação bolsonarista após o desfile da Independência. Os patriotas estacionaram um carro no meio da Praça Dom Pedro na hora do protesto contra o Xandão. Não pode. E, pra piorar, o carro ainda era vermelho!
Ufa
Petrópolis até agora escapou dos efeitos mais drásticos do período de estiagem. A preocupação da Águas do Imperador e da Comdep, que tem acompanhado de perto essa questão, era de que pudesse haver um desabastecimento em agosto por conta da falta de chuvas. Também nesse quesito, a cidade “sobreviveu”. Mas é bom não descuidar do assunto: a campanha pelo consumo consciente continua.

Contagem
Estamos há 2 anos, 4 meses e 2 dias sem os 100% da frota de ônibus nas ruas depois do incêndio na garagem das empresas.
Contatos com a coluna: lespartisans@tribunadepetropolis.com.br.