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  • 06/set 08:00
    Por Marcelus Fassano

    Sou Marcelus Fassano, mas todos me conhecem como Tchelo. Produtor de eventos há mais de três décadas, colunista de gastronomia e, cada vez mais, apaixonado pelo universo do vinho. É daí que nasce o nome desta coluna: C’È VINO. Em italiano, significa “Tem vinho” e, curiosamente, soa exatamente como meu apelido. Uma coincidência que me acompanha e que agora se transforma em encontro quinzenal com você, leitor, para falarmos dessa bebida que carrega história, cultura e emoção em cada taça.

    Minha relação com o vinho começou no início dos anos 2000, quando o Multimix trouxe para Petrópolis cursos com o professor Fernando Miranda, então presidente da ABS-Rio e uma das maiores referências na formação de sommeliers do país. Fiz dois módulos, que abriram minha mente e me fizeram olhar para a cozinha com outro encanto. Eu já era formado em Odontologia, mas confesso: o vinho me mostrou que meu caminho estava em outro lugar, o dos encontros, da mesa farta, das experiências que unem pessoas.

    A vida me levou para os eventos e lá estou até hoje. Foram shows, festas, encontros gastronômicos, projetos ousados que marcaram a cidade. E, nos últimos anos, o vinho voltou a se colocar diante de mim com uma força ainda maior. Criei o Wine & Jazz Festival, me envolvi com produtores e me deixei encantar por algo que parecia improvável: o surgimento de vinícolas no nosso Rio de Janeiro.

    Quem diria? Vinícolas sempre foram associadas ao Velho Mundo, ou ao Chile, à Argentina… regiões de clima frio e latitudes perfeitas. De repente, na nossa serra do Rio de Janeiro, brotam vinhedos, barricas e rótulos de qualidade. Não estamos falando de uma ou duas experiências isoladas: hoje são dezenas de vinícolas espalhadas pelo interior do Estado, revelando um novo capítulo da nossa identidade.

    Foi esse movimento que me fez buscar mais conhecimento. No último ano concluí a especialização em Wine & Spirits, na Le Cordon Bleu, um título raro que me aproximou de sommeliers de renome mundial, importadores e produtores locais. E foi também o que me levou a momentos inesquecíveis, como organizar a primeira corrida dentro de uma vinícola do Estado do Rio, a Wine Run, realizada na Tassinari, em São José do Vale do Rio Preto, onde esporte, turismo e vinho se encontraram de forma inédita.

    Mas como isso tudo foi possível? A resposta está em uma técnica que mudou a vitivinicultura brasileira: a dupla poda. Criada em Minas Gerais há pouco mais de vinte anos, ela consiste em inverter o ciclo da videira, uma poda no verão, outra no inverno, fazendo com que a uva amadureça na estação mais fria e seca. O resultado são frutos de qualidade surpreendente, capazes de gerar vinhos que hoje nos enchem de orgulho.

    É essa história que quero compartilhar aqui: de como o improvável se tornou realidade, de como o vinho encontrou espaço em lugares inesperados e conquistou novos terroirs. Convido você, leitor, a me acompanhar nesta jornada quinzenal pela enologia, explorando histórias, rótulos e experiências que vão do nosso Brasil a grandes regiões do mundo.

    E aproveito para deixar um convite especial: nos dias 20 e 21 de setembro, no Bosque dos Vales, em Itaipava, acontece o Festival Vinhos do Rio, reunindo produtores, sommeliers, música e gastronomia. Uma oportunidade única para celebrarmos juntos o futuro dos vinhos fluminenses.

    E já adianto: neste exato momento em que escrevo estas linhas, estou em Mendoza, na Argentina, mergulhado em vinícolas e descobertas que em breve dividirei com vocês. Prometo que a próxima coluna virá repleta de novidades direto da terra do Malbec.

    Um brinde e até a próxima taça!

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