
A 106ª Delegacia de Polícia apresentou à Justiça, nessa quinta-feira (07), detalhes do inquérito do parque de diversões Crazy Park, após a morte de um jovem de 19 anos, em maio, que apontam problemas no brinquedo envolvido no acidente. Na ocasião, João Victor Souza Trindade da Silva foi arremessado do “Expresso do Amor”, quando o parque estava instalado em Itaipava. Na audiência, a defesa do Crazy Park também informou que está prestes a fechar um acordo com a família de João Victor.
Segundo o delegado da 106ª DP, Victor Maranhão, o brinquedo tinha capacidade para duas pessoas, mas, no momento do acidente, João Victor estava acompanhado de outras duas. Uma delas, uma jovem de 19 anos, também foi arremessada. A outra, de 22 anos, sofreu ferimentos leves. Mais de dez testemunhas foram ouvidas e diversas perícias foram realizadas.
“O brinquedo não possuía redundância no sistema de trava, ou seja, não existia um recurso adicional para garantir a segurança da trava em caso de falha. Outro ponto verificado que, no momento do acidente, havia três pessoas no carrinho”, disse Maranhão.
Em uma das perícias, segundo ele, três pessoas foram colocadas no carrinho, e os ocupantes das laterais ficaram com o braço para fora. “Com isso, a alavanca da trava fica a alcance do braço, como ponto de apoio”, explicou.
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O delegado também afirmou que o dono do Crazy Park era proprietário de outro empreendimento, o Super Star Park, onde, em 2023, uma jovem de 26 anos morreu em Bangu. O brinquedo envolvido também era o “Expresso do Amor”.
Durante a audiência, o advogado do Crazy Park, Giuliano Vettori, relatou que sugeriu ao proprietário incinerar o “Expresso do Amor” após os dois acidentes, mas ressaltou que o equipamento é alugado. Maranhão ainda disse que há registros no inquérito sobre possíveis incidentes ocorridos em Cabo Frio, envolvendo outros brinquedos do parque. Como mostrou a Tribuna, a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) fez uma inspeção na cidade.
Acordos judiciais e perícia
O advogado do Crazy Park informou que está em fase de formalização um acordo com a família de João Victor, que já teria aceitado o valor proposto, que não foi divulgado. O parque já firmou acordos com as duas jovens feridas. “O Parque desde o primeiro momento se preocupou em atender prontamente as famílias das vítimas”, afirmou Vettori.
A defesa também se ofereceu para pagar a perícia judicial e pediu a liberação do funcionamento do parque em outras cidades, esta última solicitação negada de pronto pelo juiz da 4ª Vara Cível, Jorge Luiz Martins Alves.
O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da promotora Vanessa Katz, solicitou que a perícia judicial seja feita com a maior rapidez possível. Para ela, a ocupação do Parque Municipal Prefeito Paulo Rattes pelos equipamentos, enquanto não há laudo, causa prejuízos ao município.

Foto: Wellington Daniel/Tribuna de Petrópolis
O que diz o Crazy Park
Após a audiência, Vettori concedeu entrevista coletiva e respondeu aos apontamentos da Polícia Civil. Em resposta aos questionamentos da reportagem da Tribuna, disse que considerou a audiência produtiva e explicou que o sistema de travas segue modelo internacional.
“Com relação a redundância dessa trava de segurança, já foi feito um aprimoramento dessa trava. Só que este é um brinquedo italiano que segue as normas internacionais. Então, acreditamos que pode ter havido uma falha de acesso, mas não estaria amparado legalmente, para estar diferente do que estava. Mas a empresa já se comprometeu a acompanhar isso e, se for necessário, até mesmo a uma readequação do equipamento”, afirmou.
Quanto ao limite de passageiros, o advogado disse que não há determinação para duas pessoas. “Não existe essa regulamentação no brinquedo. A cabine ali, a unidade, caberia até três pessoas sim. Caberia três e naquele momento estava três. Nas placas de instrução, colocamos dois por questão de marketing para filas no parque”, explicou.
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