
Novo comandante do 15º Grupamento de Bombeiro Militar fala sobre chuvas, incêndios florestais e proteção do patrimônio histórico
Em entrevista exclusiva à Tribuna de Petrópolis, o novo comandante do 15º Grupamento de Bombeiro Militar (GBM), tenente-coronel Márcio Luiz Huguenin Brito, destacou os principais desafios que a corporação enfrenta na cidade, marcada por tragédias climáticas, risco de incêndios florestais e vulnerabilidade de imóveis tombados.
Com mais de 25 anos de carreira e experiência direta em operações como o deslizamento no Morro do Bumba, em Niterói (2010), e a tragédia da Região Serrana (2011), o comandante chega a Petrópolis com foco na prevenção e na preparação da tropa. Huguenin considera que a cidade demanda atenção especial devido à frequência de desastres provocados pelas chuvas, que exigem uma tropa especializada e estrutura reforçada para respostas rápidas e eficazes.
Resposta a desastres
O novo comandante aponta que o grupamento já conta com estrutura e planejamento para enfrentar novos episódios de chuvas intensas. “Óbvio que a gente torce para que isso não ocorra, mas a gente tem que estar preparado”, disse, apontando, por exemplo, o monitoramento meteorológico.
Entre os recursos disponíveis, o comandante citou a viatura de autotransporte de tropa, projetada para circular em áreas alagadas e com capacidade para levar um número expressivo de bombeiros em resposta rápida. “Já consegue dar uma resposta boa em um primeiro momento em locais inundados ou com deslizamentos.”
O comandante ressaltou ainda que a corporação mantém articulação com as defesas civis dos municípios da Região Serrana. “Estamos bem coordenados com as defesas civis dos municípios onde tem a maior recorrência desses eventos adversos, para fazermos operações conjuntas, quanto de treinamento como de operação simulada, para que a gente possa estar preparado nestas situações”, afirmou.
Incêndios florestais
Durante o período de estiagem, a preocupação se volta aos incêndios florestais. “Para esse caso, temos viaturas leves que são as picapes quatro por quatro, que equipamos com bombas portáteis e recipientes de armazenamento de água, de 300 a 500 litros, e a tropa está sempre treinada também para este tipo de evento”, contou.
Além da atuação emergencial, o 15º GBM também atua na prevenção. Comunidades mais afetadas por queimadas já foram mapeadas e recebem orientações e notificações. Mas também há ações de notificação e autuação, como medida educativa e coercitiva, com o objetivo de evitar reincidências e coibir condutas de risco.
O tenente-coronel destacou que pretende ampliar as parcerias com o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) e com unidades de proteção ambiental, reforçando a integração institucional principalmente neste período do ano, marcado pelo aumento dos focos de incêndio na vegetação.
Patrimônio histórico
A entrevista também abordou os riscos de incêndio em prédios históricos, tomando como exemplo o incêndio de junho de 2024, que destruiu completamente um imóvel tombado na Rua do Imperador, no Centro de Petrópolis. A reconstrução da fachada do edifício teve início este ano, após aprovação do projeto pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e o Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac).
Para o comandante, é preciso reforçar a cultura da prevenção nesses espaços. “A prevenção vem antes do combate. Deve ser superior na escala de proteção que o combate, propriamente dito”, afirmou. O tenente-coronel ainda recomenda que prédios tombados mantenham brigadas internas e redes preventivas de combate ao fogo.
A corporação, segundo Huguenin, está à disposição para colaborar com vistorias. “Podemos propor uma vistoria nesses prédios históricos para orientar”, disse. A atuação seria por meio da Seção de Serviços Técnicos, que analisa documentação e realiza inspeções em edificações.
Especialização
Com passagem por unidades do Méier, Vila Isabel, Jacarepaguá, Tijuca e Grajaú, o tenente-coronel já comandou o Centro de Instrução Especializada de Bombeiros e participou de operações de resgate em diversos pontos do estado. Ele defende a qualificação permanente da tropa. “É um fator de grande chance de sucesso no caso desse tipo de intervenção.”
Uma ideia é aproveitar, em Petrópolis, o curso de Operações de Salvamento em Desastres (COSD) e investir em treinamentos contínuos.
Formado em Bombeiro Militar, com especializações em prevenção e combate a incêndio, logística e aviação, o tenente-coronel Huguenin foi diretor-geral da Diretoria Geral de Ações Comunitárias antes de assumir o 15º GBM. Ele também atuou como subdiretor da Diretoria de Veteranos e Pensionistas e esteve à frente do Grupamento Operacional do Comando-Geral.
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