• Guerras e tempestades

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  • 11/01/2020 21:09

    Tambores de guerra. Antes Trump saiu atabalhoadamente do acordo nuclear com o Irã. Vieram os atentados a navios e a invasão da embaixada. E um general iraniano com ficha corrida que parecia a tudo orquestrar. Mas a reação foi desproporcional e sem provas dos até críveis, mas não provados, atentados cuja iminência teria motivado o ataque do drone. Mesmo que o Irã não possa sustentar a guerra, o mundo mergulha em incertezas. E o alinhamento subserviente de Bolsonaro a Trump, pode meter o Brasil num vespeiro onde não precisava estar. 

    Verão ruidoso. Chove agora de forma assustadora. Trovões bombardeiam os céus com morteiros profundos. Um relâmpago incendiou as nuvens de breu e fez um fiapo rajado de meio-dia no entardecer. A tempestade se larga sobre a cidade, pesada, como uma jiboia gorda e cinzenta, enrodilhada em si mesma, assustando adultos, aterrorizando crianças, pondo contritos os velhos, esmagando o dia em seu ventre. Ventos de suas narinas de dragão fazem águas chicotearem as casas com ameaças sombrias. Árvores decepadas tombam. Morros fatiados, sem piedade. Rios cospem excessos fazendo uma Veneza de pânico. Não se enfrenta uma coisa assim grande sem um cado de pavor e outro tanto de humildade. Somos pequenos. Como pequenos são governos medíocres que não se preparam, população irresponsável que ocupa encostas e despeja lixo nas valas, e humanidade que brinca de destruir o meio ambiente. Ecologia é questão de sobrevivência. Esta tempestade de hoje pode até não ser filha direta do aquecimento global. Mas dá amostra grátis dos pânicos previstos. Os que se irritaram e debocharam da assertividade adolescente de Greta Thunberg lhe deverão desculpas. A chuva está parando. Alagou minha casa. Hora de vassouras e panos. Em muitos lugares assim será. Que mentes e corações sejam também escovados para que surja alguma luz de compreensão sobre a gravidade dos tempos. 

    Churchill fazia a sesta durante a guerra. Comandantes atormentados com a ousadia, vetustos generais enlouquecidos com a cadeira vazia na sala de guerra. Mas o pequeno sono era sagrado para o líder, que às vezes cochilava até na banheira. Voltava revigorado, rejuvenescido, para horas de árduos debates e penosas decisões. Isso foi essencial para a vitória aliada na guerra. Cuidar de si é a lição. Reserve um tempo pra você. Um dia na semana, se der. Algumas horas todo dia, se na agenda couber. Quando menos, sei lá, três, quatro horas por semana. Um pequeno oásis, todo seu. Sei que é difícil, mas faça caber! Se você parar para respirar, o mundo não vai acabar. É terapêutico. É higiênico. É espiritual. É urgente. Cuidar de si para melhor de todo o resto cuidar. Vá ao cabeleireiro, vá ao cinema, à sauna, jogue futebol, receba massagem relaxante, faça uma pequena maratona de séries, chame a amiga pra jogar conversa fora. Esse tempo “perdido” é vida ganha. Da mesma forma que o sono calibra o cérebro e recupera o corpo, essas horas exclusivas calibram o coração e recuperam a alma. E, dentro desse tempo precioso – embora você deva orar sempre – reserve uns minutos para a oração. Derrame-se. Deus te escutará. Você verá. Decisões surgirão mais facilmente. Boas ideias virão. Maior resistência se estabelecerá. O eventual desespero será controlado. Haverá maior qualidade de vida. E, como Churchill, guerras serão melhor combatidas. Guerras duras serão vencidas. Porque melhor soldado é o que luta mais descansado. 

    denilsoncdearaujo.blogspot.com.

     

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