• Morador de Petrópolis, roteirista Victor Klier já integrou a equipe de Ziraldo e se dedica a projetos focados no mundo dos quadrinhos

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  • 06/jul 08:30
    Por Maria Julia Souza I Foto: Arquivo Pessoal

    Morador de Petrópolis de Petrópolis há 11 anos, o roteirista carioca Victor Klier iniciou sua carreira no mundo dos quadrinhos quando integrou a equipe de Ziraldo, um dos maiores escritores brasileiros e criador de “O Menino Maluquinho”. Atualmente, o carioca tem se dedicado a seus projetos pessoais, dentre eles a publicação de seu livro de tirinhas “Dadá Janelas Abertas”.

    Formado em comunicação social e com cursos de técnicas publicitárias, marketing e de técnicas de histórias em quadrinhos, além de formações ligadas a cinema e audiovisual, Victor conta que a paixão por quadrinhos surgiu ainda na infância, muito antes de começar a trabalhar com o segmento. 

    “Muito antes de trabalhar com quadrinhos, eu já era leitor desde criança, tanto de livros como de gibis de todos os tipos, desde os mais comuns, como Turma da Mônica e os da Disney, além dos chamados álbuns Europeus, os do Asterix e Tintin, e também quadrinhos da América Espanhola como a Mafalda, uma personagem emblemática e que influenciaria nas minhas criações. Curiosamente, eu não tinha tanto contato com os quadrinhos do Ziraldo na infância, como o clássico Pererê, mas em compensação, tinha todos os livros dele como Flicts e o Menino Maluquinho, que só ganharia o formato de quadrinhos na virada dos anos 1980 para os 90”, contou ele. 

    Trabalho com Ziraldo

    O primeiro contato do carioca com Ziraldo foi em 1987, quando ele ainda estava na escola e visitou o escritor em sua casa e estúdio, próximo a Lagoa Rodrigo de Freitas. “Foi meu primeiro contato com o mestre, que me recebeu cheio de sorrisos e logo me presenteou com um de seus livros de charges devidamente autografado. Ao fim de nosso papo, sabendo das minhas intenções de trabalhar na área, disparou: Quando terminar a escola me procura!”, relembra Victor. 

    Pouco tempo depois, em 1990, um ano depois de terminar os estudos, Victor procurou o escritor novamente na Zappin, um estúdio criado por Ziraldo no bairro das Laranjeiras, na Zona Sul do Rio. O objetivo era trabalhar com uma equipe e poder desenvolver projetos, além de seus livros. Um dos projetos era fazer gibis mensais de “O Menino Maluquinho” e retornar com “A Turma do Pererê”.

    “Cheguei no estúdio e logo ele veio me cumprimentar. Me deu um bloco que tinha a marca do estúdio e um padrão de linhas de contorno, me apontou para uma mesa de desenho desocupada e disse: Agora é contigo! Manda brasa! E a partir daquele dia já são mais de trinta anos como roteirista da equipe fixa”, conta o carioca. 

    O último trabalho de Klier com Ziraldo foi finalizado em 2022, dois anos antes do falecimento do criador de “O Menino Maluquinho”, quando Victor desenvolveu o roteiro para a adaptação em quadrinhos dos clássicos “Os Três Mosqueteiros” e “Dom Quixote”, com a Turma do Menino Maluquinho.

    Fotos: Divulgação

    Ligação com Petrópolis

    O carioca se mudou para Petrópolis em 2014 e explica que a mudança para a Cidade Imperial aconteceu após a Editora Globo, que publicava os quadrinhos em que ele atuava, assim como as obras assinadas por Ziraldo, decidir cancelar suas publicações mensais, de bancas de jornais.

    “Manteriam o formato de livro em quadrinhos, dos quais participei também, mas aquele formato de ‘livro’ não era publicado sempre, apenas poucas vezes por ano. Então imaginei que talvez fosse uma boa ideia mudar para o interior, onde seria mais barato de viver e onde eu poderia continuar a fazer roteiros a distância, usando a internet, e assim foi”, explicou. 

    Projetos pessoais 

    Focado em seus projetos pessoais, um deles é a publicação de um livro de tirinhas com uma das personagens criadas por ele mesmo, chamada Dadá, com a obra que recebeu o título de “Dadá Janelas Abertas”.

    A obra conta a história de Eduarda, a Dadá, uma menina de 12 anos, baixinha, barrigudinha, que está saindo da infância e entrando na puberdade. Precoce em muitos sentidos, tem muitas características peculiares que vão de seu gosto por leitura, do modo particular de como ela enxerga o mundo a sua volta, até o seu comportamento transgressor.

    Victor explica que a ideia, que chega em forma de tirinhas, são estímulos oferecidos ao leitor que pode pesquisar mais sobre assuntos abordados pela Dadá, ou até ser desafiado por tiras sensoriais, que sugerem viver algumas experiências apresentadas pela personagem.

    “Eu ainda trabalhava nos estúdio do Ziraldo quando criei a Dadá em 2006 (na mesma época em que criei outro projeto chamado Turma da Febeca, que tinha uma abordagem mais focada na inclusão), sem maiores pretensões, como uma forma pessoal de estudar e fixar novos conhecimentos. Logo percebi que a personagem poderia ser útil para outras pessoas também e, no máximo, eu queria entregar um trabalho que pudesse estimular a mente do leitor de forma positiva, num momento de lazer e só”, explica Victor. 

    O roteirista conta ainda que, desde 2007, algumas experiências com a Dadá são realizadas em instituições de ensino, e que com o retorno positivo dos “testes”, resolveu dar passos adiante e desenvolver tiras suficientes para gerar um livro inteiro.

    “Em 2016 mostrei o material produzido ao Ziraldo, que apoiou o projeto de imediato, e desde então, entre um trabalho e outro, fui produzindo mais tiras e montando o livro que, finalmente ficou pronto em agosto de 2024, e foi publicado de forma independente no fim do mesmo ano”, finalizou o roteirista. 

    Foto: Divulgação

    O livro “Dadá Janelas Abertas” pode ser encontrado e adquirido nas plataformas digitais. Já o trabalho de Victor Klier pode ser acompanhado em seu Instagram @vicklier.

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