Dólar sobe 0,37% em pregão de liquidez reduzida, mas recua 1,06% na semana
O dólar se firmou em alta no mercado local ao longo da tarde, em sintonia com o fortalecimento da moeda americana em relação a divisas emergentes pares do real, à exceção do peso mexicano, em dia de baixa do petróleo. Com máxima a R$ 5,4263, na reta final dos negócios, o dólar à vista fechou a R$ 5,248, avanço de 0,37%. Na semana, acumulou queda de 1,06%.
Apesar das incertezas fiscais em meio à novela em torno do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e do desconforto com a escalada retórica do PT a favor da taxação dos mais ricos, operadores atribuem o escorregão do real hoje mais a movimentos de ajuste de posições e realização de lucros. Ontem, o dólar à vista encerrou o pregão no menor nível desde 24 de junho, com perdas de mais de 12% no ano.
A ausência de negócios nas bolsas de Nova York e no mercado de Treasuries, fechados em razão do feriado do Dia da Independência nos Estados Unidos, deprimiu bastante a liquidez e deixou a formação da taxa de câmbio mais sujeita a operações e fluxos pontuais. Principal termômetro do apetite por negócios, o contrato de dólar futuro para agosto teve giro muito fraco, abaixo de US$ 6 bilhões.
“A liquidez está muito baixa, o que deixa o câmbio instável. A questão do IOF está no radar do mercado e pode trazer volatilidade nos próximos dias, mas não parece estar fazendo preço hoje”, afirma a economista-chefe do Ouribank, Cristiane Quartaroli.
Em decisão considerada pouco usual por tributaristas ouvidos pela Broadcast, o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu os decretos tanto do governo quanto do Congresso sobre o IOF, argumentando que ambos “aparentam se distanciar dos pressupostos constitucionais”.
Moraes pontuou haver sérias “dúvidas” sobre possível desvio de finalidade do decreto de aumento das alíquotas do IOF, que é um tributo regulatório e que não visa à arrecadação. Já o decreto legislativo de derrubada da elevação do IOF foi visto como algo “excepcional”. O ministro marcou uma audiência de conciliação entre os Poderes para o próximo dia 15.
“A decisão de Moraes não resolve a questão, que vai continuar permeando os negócios. O governo tenta buscar uma saída para fechar as contas deste ano e cumprir a meta fiscal, mas não pensa em corte de gastos”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo, ressaltando que, por ora, o real tem se beneficiado da fraqueza global do dólar e do apetite por operações de carry trade (aposta na diferença de juros entre países).
À tarde, a Secretaria de Comércio Exterior (Secex) do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic) informou que a balança comercial registrou superávit de US$ 5,889 bilhões em junho de 2025, abaixo da mediana das estimativas do Projeções Broadcast (US$ 6,20 bilhões). No ano, o saldo é positivo em US$ 30,092 bilhões.
O Mdic reduziu a estimativa do superávit em 2025 de US$ 70,2 bilhões para US$ 50,4 bilhões, em razão da menor demanda mundial e do nível elevado das importações diante do grau de aquecimento da economia brasileira. No ano passado, o superávit comercial foi de US$ 74,2 bilhões.
A piora sazonal do fluxo cambial ao longo do segundo semestre pode reduzir o espaço para apreciação adicional do real nos próximos meses, mesmo se a tendência de enfraquecimento global do dólar se mantiver, apontaram analistas ouvidos recentemente pela Broadcast.
No exterior, o índice DXY, termômetro do comportamento do dólar em relação a uma cesta de seis divisas fortes, recuava 0,20% no fim da tarde, aos 98,985 pontos. Investidores monitoram as negociações entre o governo dos EUA e parceiros comerciais à medida que se aproxima o dia 9 de julho, prazo final para retomada das chamadas tarifas recíprocas.