
Dia do Orgulho LGBTQIA+: ambulatório de Petrópolis celebra ampliação de 83% em atendimentos
Neste sábado (28), se comemora o Dia do Orgulho LGBTQIA+. Em Petrópolis, a rede de acolhimento tem crescido nos últimos anos. O Ambulatório Municipal Especializado LGBTQIA+ teve um crescimento de 83,1% nos atendimentos nos cinco primeiros meses de 2025, na comparação com o ano passado, e o trabalho foi apresentado como exemplo de boa prática no congresso do Fórum Nacional de Gestores e Gestoras Estaduais e Municipais de Políticas Públicas para a População LGBTQIA+ (Fonges), realizado na última semana em São Paulo.
O serviço oferece atendimento clínico, psicológico, de assistência social e também conta com serviço de enfermagem. A iniciativa surgiu em novembro de 2021, com a criação da Área Técnica da Saúde Integral da População LGBTQIA+ na estrutura da Secretaria de Saúde e o início dos atendimentos foi no Centro de Saúde. Em agosto de 2023, o espaço ganhou sede própria, na Rua 7 de Abril, no Centro, e a ampliação do serviço.
Nos cinco primeiros meses de 2024, foram realizados 722 atendimentos. Já no mesmo período de 2025, o número passou para 1.322 atendimentos. Segundo o coordenador do Ambulatório e coordenador da Área Técnica LGBTQIA+ de Petrópolis, Felipe Silveira, o primeiro desafio foi levantar os dados das pessoas que são atendidas para entender o perfil da população e as principais demandas. “O Ambulatório é um espaço de escuta e acolhimento, com resistência e afetos aliados ao trabalho técnico de uma equipe inteira composta por pessoas LGBTQIA+, que entendem as demandas e as dores de quem é atendido”, afirmou.
Silveira destacou que o congresso de gestores de políticas públicas para a população LGBTQIA+ é um intercâmbio que permite a troca de experiências, aprimorando as ações em cada município. “Ouvimos experiências de diferentes lugares, com diferentes perfis e desafios dos mais diversos. E esse contato entre nós é permanente, então nós vamos aprendendo com cada serviço, cada particularidade que encontramos”, disse o coordenador.
Além do Ambulatório Municipal Especializado em Saúde LGBTQIA+, Petrópolis também dispõe de um Centro de Cidadania LGBTI+ Serrana II Duda Collins, gerido pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Assistência Social. O dispositivo já realizou cerca de 450 atendimentos em orientação psicológica, jurídica e social nos cinco primeiros meses do ano.
O Dia do Orgulho LGBTQIA+ remete à Revolta de Stonewall, uma série de protestos da comunidade em resposta a medidas de repressão, e foi estabelecida para reafirmar a luta por direitos. E os números reforçam a importância de a comunidade estar mobilizada, uma vez que ainda estão vulneráveis ao preconceito e à violência.
O Atlas da Violência, estudo realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e divulgado no mês passado, mostrou que agressões a homossexuais e bissexuais cresceram 1.193% entre 2014 a 2023. Os números também são chocantes com relação à violência contra mulheres trans, com crescimento de 1.111%; a violência contra mulheres trans, que cresceram 1.607%; e contra travestis, com crescimento de 2.340%. A expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos, de acordo com a Associação Nacional de Travestis e Transsexuais (Antra) – a média geral é de 76 anos.
Não é possível afirmar que todos os dados se referem a LGBTfobia e há um impacto de uma subnotificação que existia há dez anos atrás. No entanto, os altos índices e o próprio fato de só agora a comunidade estar levantando a voz para este tipo de caso mostram a gravidade do problema.
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