• Cautela fiscal impede alta do Ibovespa com exterior e após queda do IGP-M

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 27/jun 11:47
    Por Maria Regina Silva / Estadão

    O ambiente internacional tranquilo na manhã desta sexta-feira, 27, após acordos comerciais, e a deflação do Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) em junho são insuficientes para motivar o Ibovespa neste penúltimo pregão de junho. Na quinta, o principal indicador da B3 fechou com alta de 0,99%, aos 137.113,89 pontos, com estabilidade na semana.

    Além do acordo entre os Estados Unidos e a China e a União Europeia, fica no foco o PCE americano. O indicador de preços predileto do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) subiu 0,1% em maio ante abril, conforme o previsto, e o núcleo avançou 0,2% no período, ante previsão de 0,1%, podendo dificultar as apostas em relação a corte de juros nos Estados Unidos.

    “Não teve surpresa no PCE e ontem o PIB americano veio menor que o esperado. Há visão de não impacto inflacionário das tarifas, o que dá cada vez mais espaço para corte de juros pelo Fed e consequentemente no Brasil. Porém, o mercado brasileiro não consegue capturar esse sentimento por conta do fiscal”, avalia Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.

    O quadro fiscal brasileiro segue preocupando, após a derrubada do decreto que aumentou o Imposto Sobre Operações Financeiras (IOF) na quarta-feira, elevando a chance de alteração da meta para 2026.

    Spiess ressalta que neste cenário começa-se a vislumbrar uma mudança de rota em 2026, em meio às eleições presidenciais, o que pode aliviar um pouco o ambiente. “Mas a trajetória promete ser desafiadora por conta do fiscal”, acrescenta.

    A derrubada do decreto do IOF ampliou a cisão entre o Executivo e o Legislativo, diz Alvaro Bandeira, coordenador de Economia da Apimec Brasil. Desta forma, completa, possivelmente o governo terá de mudar a meta do resultado primário para 2026.

    A cautela com o rumo das contas públicas do Brasil destoa da safra de indicadores com bons resultados. Após o alívio no Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo -15 (IPCA-15) ontem, hoje outro indicador trouxe indícios de desinflação à frente.

    O Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M) recuou 1,67% em junho, após queda de 0,49% em maio, contrariando todas as estimativas colhidas na pesquisa feita pelo Projeções Broadcast (-1,20% a -0,80%; mediana: -1,04%). Já a taxa de desemprego no trimestre até maio ficou em 6,2%, no piso das expectativas, após 6,6% em igual período finalizado em abril.

    O recuo do IGP-M pode reforçar apostas de fim de ciclo de alta da Selic, que está em 15% ao ano. A despeito de o Banco Central não se comprometer com isso em documentos recentemente, o que pode dar espaço para apostas de nova elevação da Selic, o economista-chefe do Banco Daycoval, Rafael Cardoso, vê a última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) como um encerramento de ciclo. “Concordamos com o BC que os efeitos da taxa de juros mais alta vão ficar mais claros nos próximos meses”, diz.

    No exterior, sinais de avanço das negociações comerciais dos Estados Unidos com China e União Europeia impulsionam os índices de ações e as commodities. O petróleo Brent avançava 0,44%, enquanto o minério de ferro fechou hoje com valorização de 1,99% em Dalian. As ações da Vale e da Petrobras operavam em direções opostas, com alta de 0,38% da mineradora e recuo entre 0,35% (Petrobrás PN) e queda de 0,61% (Petrobrás ON).

    Às 11h03, o Ibovespa caía 0,18%, aos 136.866,82 pontos, ante mínima aos 136.468,56 pontos (-0,47%) e máxima de abertura aos 137.112,88 pontos, com variação zero.

    Últimas