• Especialista orienta como diabéticos e hipertensos podem aproveitar os quitutes juninos sem abrir mão da saúde

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  • 19/jun 08:00
    Por Redação/Tribuna de Petrópolis I Foto: Divulgação

    Bandeirinhas no alto, sanfona afinada e a mesa lotada de delícias típicas: é tempo de festa junina no Brasil. Mas, para quem vive com diabetes ou hipertensão, a temporada de quentão, canjica e caldos pode representar mais do que alegria — pode ser um risco se não houver atenção. A boa notícia é que, com algumas estratégias simples, é possível curtir cada mordida sem comprometer a saúde.

    A nutricionista e professora do curso de Nutrição da Estácio, Alessandra Cupertino, reforça que não é necessário se excluir das celebrações. “A festa junina é uma manifestação cultural e social importante, e o comer está profundamente ligado a esses momentos. A chave está na moderação e no equilíbrio, para aproveitar com consciência e sem prejuízos”, afirma.

    Diabéticos: doces sim, mas com atenção

    O alerta principal para quem convive com o diabetes é claro: evitar doces com açúcar simples, como canjica doce, pé de moleque, pamonha doce, arroz doce e cocada. “Esses alimentos podem causar picos glicêmicos perigosos”, explica a nutricionista. A menos que haja liberação médica com controle glicêmico ajustado, o ideal é buscar adaptações.

    A solução está nas versões com baixo teor de açúcar ou adoçadas com substitutos adequados, como estévia, xilitol ou eritritol. Alessandra destaca que, com um pouco de planejamento, dá para preparar receitas juninas que respeitam o plano alimentar e ainda assim agradam ao paladar. “Essas versões podem manter o sabor original e permitir que o diabético não se sinta privado”, orienta.

    Outras dicas incluem evitar combinações perigosas como doces acompanhados de bebidas alcoólicas ou alimentos de alto índice glicêmico, como batatas e bolos feitos com farinha branca. Priorizar alimentos ricos em fibras e com baixo teor de carboidratos também ajuda no controle da glicemia.

    Hipertensos: vilões estão nos caldos e temperos

    Para os hipertensos, o perigo mora no sal — e muitas vezes, ele vem disfarçado. Um dos maiores vilões das festas juninas são os caldos prontos ou com temperos industrializados, que contêm grandes quantidades de sódio. “Esses alimentos, embora saborosos, podem desestabilizar a pressão arterial rapidamente”, alerta Alessandra.

    A saída é optar por caldos caseiros, preparados com pouco sal e mais ervas frescas, como manjericão, alecrim, cebolinha e alho. Também vale a pena evitar carnes salgadas, salsichas, queijos curados e pipoca temperada com sal excessivo.

    “O ideal é escolher alimentos mais naturais e menos processados. O milho verde cozido, por exemplo, é um ótimo aliado: nutritivo, com baixa adição de sal e rico em fibras”, recomenda.

    Outra orientação é ficar atento às bebidas. Quentão e vinho quente contêm açúcar e, muitas vezes, são preparados com ingredientes que sobrecarregam o organismo. Hidratar-se com água e evitar exageros no álcool é uma medida preventiva importante.

    Exagerou? Recomece no dia seguinte

    Apesar dos cuidados, às vezes a empolgação fala mais alto — e o corpo sente. Para quem acorda no dia seguinte com azia, inchaço, mal-estar ou até mesmo sintomas de descompensação glicêmica ou pressão desregulada, Alessandra orienta: “O foco deve ser retomar o plano alimentar imediatamente, com alimentos leves e nutritivos. E o mais importante: hidratação intensa”.

    Ela também destaca que não é preciso se punir por um deslize pontual. “Comer também é um ato afetivo e social. O importante é entender os limites do próprio corpo e seguir em frente com equilíbrio”, reforça.

    Em um país onde a cultura alimentar é parte essencial das festividades, aprender a fazer escolhas conscientes é uma forma de autonomia e autocuidado. “Ninguém precisa abrir mão de momentos especiais. Mas é fundamental respeitar o corpo e adaptar as tradições à realidade de cada um”, conclui a nutricionista.

    A festa junina pode — e deve — ser inclusiva. Com adaptações inteligentes, atenção aos sinais do corpo e escolhas conscientes, diabéticos e hipertensos também podem dançar quadrilha, saborear quitutes e celebrar a vida com segurança e sabor.

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