• Baden Powell, Jackson do Pandeiro e Xavier Cugat são opções do In-Edit

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  • 13/jun 08:49
    Por Luiz Zanin Oricchio, especial para o Estadão / Estadão

    O In-Edit é um festival feito da feliz união entre cinema e música. Nesta que é sua 17.ª edição apresenta nada menos que 60 títulos, entre curtas e longas-metragens, nacionais e estrangeiros. Para quem gosta de música e cinema, é o melhor dos mundos.

    Na parte brasileira, traz filmes sobre Leci Brandão, Letieres Leite, Aldo Bueno, Hyldon, Toquinho, Maria Alcina, Cazuza, Jackson do Pandeiro, entre outros personagens da nossa música. Traz também uma preciosidade sobre um dos melhores álbuns de todos os tempos, Os Afro-Sambas, de Vinicius de Moraes e Baden Powell.

    Na parte estrangeira, destacaria o delicioso, já pelo título, Sexo, Maracas e Chihuahuas, que põe em cena o hilário maestro Xavier Cugat. Todos juravam que era cubano, no entanto havia nascido na Catalunha. Na época da filmagem, já com mais de 90 anos, o maestro lembra sua trajetória movimentada entre Espanha, Cuba e Estados Unidos e como se tornou um mestre do ritmo afro-cubano, tendo convivido com uma série de futuros ídolos, como o jovem promissor Frank Sinatra, a brasileira Carmen Miranda e uma certa Margarita Carmen Cansino, mais tarde rebatizada como Rita Hayworth.

    Cugat viveu nesse meio musical, entre artistas, divas e, como ele confessa sem qualquer problema, mafiosos, que gostavam de Xavier. E o ajudavam tanto em contratos proveitosos quanto em matrimônios fracassados. Em um dos seus inúmeros divórcios, a ex-esposa queria tirar-lhe a pele. Mas bastou uma conversinha com uns amigos do ex-marido para que se tornasse súbita e inexplicavelmente razoável. Cugat terminou a vida criando e comercializando aqueles cachorrinhos mexicanos. Todo fim de vida é melancólico, mas ele aproveitou bem a sua.

    Entre os brasileiros, um destaque é o filme dedicado ao maestro baiano Letieres Leite, As Travessias de Letieres Leite, de Íris de Oliveira e Day Sena. De sólida formação teórica, ele exerceu forte influência sobre a música baiana. Tinha um talento todo especial em interagir com os músicos e tirar o que tinham de melhor. Era também arranjador de mão-cheia. Quem quiser, confira os arranjos que fez para esse álbum maravilhoso de Maria Bethânia que é Noturno.

    Outro bastante interessante é Os Afro-Sambas: O Brasil de Baden e Vinicius, de Emílio Domingos. Esse álbum de 1966 se tornaria um marco da música brasileira. Tudo começa quando Vinicius ganha de presente de um amigo baiano, Carlos Coqueijo, um disco com músicas e toques de candomblé. Ele e Baden ouvem. Ficam fascinados. Baden viaja à Bahia e frequenta terreiros e rodas de capoeira. Na volta ao Rio, ele e Vinicius se internam num apartamento em companhia do violão e de algumas caixas de uísque. Meses depois saem com material para a gravação que seria feita sob a batuta do maestro Guerra-Peixe, com o Quarteto em Cy e uma série de convidados. E, claro, a voz de Vinicius e o incendiário violão de Baden. O resto é história.

    Outra boa pedida é Jackson, de Marcus Vilar e Cacá Teixeira. Resgata uma das figuras fundamentais da música popular brasileira. Usa depoimentos, inclusive do próprio artista, muita música e uma montagem engenhosa para mostrar ao público que Jackson do Pandeiro foi muito, muito mais que uma figura engraçada no palco, sobretudo quando visto com sua companheira Almira.

    SERVIÇO

    O que: In-Edit Brasil

    Onde: Cinesesc, Cinemateca Brasileira, Spcine Olido, Spcine Paulo Emílio, Cine Bijou e Cine Matilha.

    Quando: Até 22/6

    Quanto: Gratuito (com exceção das sessões no Cinesesc)

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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