Quem é André do Rap, megatraficante que teve fortuna descoberta pela polícia
Como o Estadão mostrou nesta segunda-feira, 9, balanço feito pelo Departamento de Inteligência Policial (Dipol), da Polícia Civil, mostra que o seu Laboratório de Lavagem de Dinheiro (Lab-LD) identificou R$ 16,806 bilhões de valores suspeitos movimentados em 100.097 contas bancárias examinadas de janeiro de 2024 a maio de 2025.
São casos como o de empresas suspeitas de ligação com o megatraficante internacional André Oliveira Macedo, o André do Rap, foragido desde que foi solto em 2020 pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal. “Chegou-se ao total de R$ 25.168.000,00 em valores considerados suspeitos”, afirma o documento.
André do Rap, de 47 anos, foi beneficiado por uma decisão individual do então ministro Marco Aurélio Mello, que viu excesso de prazo na prisão processual (sem condenação definitiva) e determinou que ele fosse solto. A liminar foi cassada pelos demais ministros, mas ele já havia deixado a penitenciária e não foi mais encontrado.
O foragido apontado como um dos grandes nomes do narcotráfico no País é condenado a 25 anos de prisão em outros dois processos. André já esteve foragido antes, entre 2014 e 2019, quando foi preso pela Polícia Civil, em uma mansão em Angra dos Reis, no Rio, suspeito de ostentar um patrimônio de R$ 17 milhões fruto do tráfico – ele se apresentava como agente de artistas e jogadores de futebol para disfarçar o dinheiro ilícito.
André do Rap morava em Santos, mas ia, aos fins de semana, para Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio. Também fazia com frequência voos fretados para Jacarepaguá, na zona oeste carioca, onde tratava de outros negócios.
A alcunha com o estilo musical passou a ser usada por André depois da prisão. Preso pela primeira vez em 1996 e solto em 1999, ele só passou a integrar a facção criminosa em 2005, quando foi batizado e se tornou integrante do PCC. Após ser solto, em 2008, ele passou a compor músicas e promover bailes funks na quadra da escola de samba Amazonense, no Guarujá, segundo a inteligência da polícia paulista.
O traficante levava uma vida de luxo e conforto: promovia festas, vivia em mansões e viajava de helicóptero para participar de reuniões de negócio. Os investigadores conseguiram chegar até o traficante após monitorar a compra de uma lancha Azimut, de 60 pés, avaliada em R$ 6 milhões. A aquisição teria sido feita por um laranja.
A embarcação estava sob cuidado de três marinheiros. O imóvel também contava com caseiro e uma série de empregados domésticos.
O criminoso também já passou uma temporada em Portugal e na Holanda antes de ser preso em 2019, onde pode ter estreitado relações com traficantes internacionais. Ele é suspeito de ter comunicação direta com membros da ‘Ndrangheta, grupo mafioso italiano, e é um dos responsáveis pela Sintonia do Tomate, o setor do tráfico internacional de drogas do PCC.