
Ascensão de Jesus: Esperança do Céu! Vamos à luta!
Hoje celebramos o mistério conclusivo da vida de Jesus: sua Ascensão ao Céu. É a sua entrada oficial na glória que lhe correspondia como ressuscitado, depois das humilhações do Calvário; é a volta ao Pai, anunciada por Si no dia de Páscoa: “ Vai dizer aos meus irmãos que eu subo para junto do meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus ” (Jo 20,17). E aos discípulos de Emaús: “Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso, para entrar em sua glória?” (Lc 24,26).
Desejemos o Céu! Que tenhamos um objetivo grandioso e muito alto, o Céu! Deveríamos querer muito: é promessa de Jesus, e a receberemos, se formos fiéis. E é para sempre!
Claro, quando dizemos Jesus subiu ao Céu, ou que nossa esperança é ir para o Céu, é evidente que não se está falando do Céu das estrelas e das galáxias. O Céu ao qual a Bíblia se refere é a existência plena em Deus, insuperável e perfeita, o prêmio eterno, imersão no oceano infinito de felicidade que é o próprio Deus.
E, como chegar ao Céu? Com esta vida única nesta terra, recebida para ganharmos a vida junto de Deus. Aliás, o motivo de estarmos neste mundo é para irmos ao Céu, ganharmos a vida eterna. Porém, não se pode alcançar um fim sem usar os meios adequados. E os meios foram, são e serão sempre os mesmos: receber os sacramentos, rezar, fugir do pecado, lutar por viver as virtudes.
A vida de Jesus, na terra, não termina com a sua morte na Cruz, mas com a Ascensão aos céus. É o último mistério da vida do Senhor aqui na terra. É um mistério redentor, que constitui, com a Paixão, a Morte e a Ressurreição, o mistério pascal. Convinha que os que tinham visto Cristo morrer na Cruz, entre os insultos, desprezos e escárnios, fossem testemunhas da sua exaltação suprema.
Comentando sobre a Ascensão, ensina São Leão Magno: ”Hoje não só fomos constituídos possuidores do paraíso, mas, com Cristo, ascendemos, mística, mais realmente, ao mais alto dos céus, e conseguimos, por Cristo, uma graça mais inefável que a que havíamos perdido.”
A Ascensão fortalece e estimula a nossa esperança de alcançarmos o Céu e incita-nos, constantemente, a levantar o coração a fim de procurarmos as coisas que são do alto. Agora, a nossa esperança é muito grande, pois o próprio Cristo foi preparar-nos uma morada.
O Senhor está já no Céu com o seu Corpo glorificado, com os sinais do seu Sacrifício redentor, com as marcas da Paixão que Tomé pôde contemplar e que clamam pela salvação de todos nós.
A Ascensão se nos apresenta, assim, não tanto como uma festa da partida de Jesus, deste mundo, quanto, como a festa de sua permanência, aqui na terra. Ele, com efeito, não deixou este nosso universo. “Não abandonou o Céu quando de lá desceu, até nós, e, nem se afastou de nós, quando, novamente, subiu ao Céu. Ele é exaltado acima dos céus: todavia, sofre, aqui na terra, todos os dissabores que nós, seus membros, suportamos. Disso deu testemunho, gritando: Saulo, Saulo, por que me persegues?” (Santo Agostinho). Cristo está ainda presente e comprometido com este mundo, com todo seu corpo que é a Igreja. Este acontecimento é precedido pela bênção dos discípulos, que os prepara para receber o dom do Espírito Santo, para que a salvação seja proclamada em toda a parte. O próprio Jesus diz-lhes: “Vós sois as testemunhas destas coisas. Eu enviarei sobre vós o que meu Pai prometeu” (Lc 24, 47-49).
O Senhor atrai o olhar dos Apóstolos, o nosso olhar para o Céu, a fim de lhes indicar como percorrer o caminho do bem, durante a vida terrena. Contudo, Ele permanece na trama da história humana, está próximo a cada um de nós e guia o nosso caminho cristão: é companheiro dos perseguidos por causa da fé, está no coração de todos os que são marginalizados, está presente naqueles aos quais é negado o direito à vida. Podemos ouvir, ver e tocar o Senhor Jesus, na Igreja, sobretudo, mediante a Palavra e os Sacramentos.
Dizia São Josemaria Escrivá: “Cristo espera-nos. Vivemos já como cidadãos do Céu (Fil 3,20), sendo, plenamente, cidadãos da terra, no meio das dificuldades, das injustiças, das incompreensões, mas, também, no meio da alegria e da serenidade que nos dá sabermo-nos filhos amados de Deus. E se, apesar de tudo, a subida de Jesus aos céus nos deixar, na alma, um travo de tristeza, recorramos à sua Mãe, como fizeram os apóstolos: Voltaram para Jerusalém… e todos perseveravam na oração em comum, junto com algumas mulheres e Maria, mãe de Jesus” (At 1,12-14).
A esperança do Céu encherá de alegria o nosso peregrinar diário. Imitaremos os apóstolos que, segundo São Leão Magno, “tiraram tanto proveito da Ascensão do Senhor que tudo quanto antes lhes causava medo, depois se converteu em alegria. A partir daquele momento, elevaram toda a contemplação das suas almas à divindade que está à direita do Pai; a perda da visão do corpo do Senhor não foi obstáculo para que a inteligência, iluminada pela fé, acreditasse que Cristo, mesmo descendo até nós, não se tinha afastado do Pai e, com a sua Ascensão, não se separou dos seus discípulos.”
Com a Ascensão, termina a missão terrena de Cristo, e começa a dos seus discípulos, a nossa: “Vós sereis testemunhas de tudo isso” (Lc 24,48), diz Jesus. Portanto, a festa de hoje, recorda-nos que o zelo pelas almas é um mandamento amoroso do Senhor. Ao subir para a sua glória, Ele nos envia pelo mundo inteiro como suas testemunhas. Grande é a nossa responsabilidade, porque ser testemunhas de Cristo implica, antes de mais nada, procurar comportar-se segundo a sua doutrina, lutar para que a nossa conduta recorde Jesus e evoque a sua figura amabilíssima.
Jesus parte, mas permanece muito perto de cada um. Nós O encontramos na Eucaristia, no Sacrário de nossas Igrejas.
Visitemos mais Jesus no Sacrário, à nossa espera! Não deixemos de procurá-Lo com frequência, ainda que, na maioria das vezes, só possamos fazê-lo com o coração, para dizer-lhe que nos ajude na tarefa apostólica, que conte conosco para estender a sua doutrina por todos os ambientes.
Nesta semana, que precede a Solenidade de Pentecostes, fiquemos unidos em oração, como disse Jesus: “Permanecei na cidade, até que sejais revestidos da força do alto” (Lc 24,48). Assim, a vida da Igreja não começa com a ação, mas, com a oração, junto com Maria, a Mãe de Jesus.
A Ascensão é a conclusão triunfal da vida terrena de Jesus, a meta do discípulo que caminha com Ele pelos caminhos da vida, fundamento da nossa esperança de estarmos reunidos com Cristo no Céu, porque, se não nos salvarmos, nada terá valido a pena.
Com a festa de hoje, recordamos que nossa vida, na terra, é um peregrinar. Estamos neste mundo para ganhar o Céu, chegar aonde Cristo subiu. Que, ao final de nossa vida, possamos dizer como S. Paulo: “Combati o bom combate, terminei a corrida, guardei a fé. Desde agora, está reservado para mim o prêmio da justiça que o Senhor, o Justo Juiz, me dará naquele dia, não somente a mim, mas a todos os que tiverem esperado com amor a sua manifestação” (2Tm 4, 7-8).
Vamos à luta! A vida cristã é como o esporte. Vence quem se dedica, quem usa os meios. É São Paulo quem diz: “Todo atleta se impõe todo tipo de disciplina. Eles assim procedem, para conseguirem uma coroa corruptível. Quanto a nós, buscamos uma coroa incorruptível!” Quando se quer, há esforço, há dedicação, há brilho nos olhos, há encantamento.
Há que saber encarar essa luta com ânimo desportivo, passando pelos esforços que sejam necessários, sem desanimar por causa dos obstáculos, das derrotas ou das misérias próprias, recorrendo a Deus no Sacramento da Confissão, com dor e com bom propósito. Sentir a tentação do orgulho, da sensualidade, da inveja, da preguiça, da soberba, não deveria ser novidade.
Árduo é ser um bom cristão? Mas, não vale a pena a coroa da vitória? O que supõe tão grande esforço tem uma grande retribuição. Assim são as coisas da vida. Se o atleta pensar no que vai custar ser um bom campeão, nem começará a treinar.
Os discípulos partiram (diz o Evangelho em Mc 16,20) e pregaram a Boa Nova por toda parte. Vamos, também, com humildade, sabendo em que vasos nós carregamos esta esperança, mas vamos com coragem, pois diz-nos Jesus: “Vós sois as testemunhas destas coisas” (Lc 24,48).
Celebrar a Ascensão do Senhor é proclamar a vitória de Jesus sobre a morte, anunciar nossa futura ressurreição, renovar nosso compromisso com a missão de ir ao mundo inteiro e anunciar o Evangelho a toda criatura. A vitória de Jesus sobre a morte é o fundamento de nossa fé e a fonte de nossa missão.
Hoje, celebra-se, também, o 59º Dia Mundial das Comunicações Sociais. O lema deste ano é: “Partilhai com mansidão a esperança que está nos vossos corações (cf. 1Pd 3,15-16). Esta é a única celebração mundial estabelecida pelo Concílio Vaticano ll, tal a importância que a Igreja reconhece à mídia na sociedade atual.