• Vencedor da Palma de Ouro, Jafar Panahi aparece no 1.º longa de Kleber Mendonça Filho

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  • 24/maio 20:35
    Por André Carlos Zorzi e Mariane Morisawa / Estadão

    Jafar Panahi, cineasta iraniano que venceu a Palma de Ouro do Festival de Cannes neste sábado, 24, pelo filme It Was Just An Accident, apareceu no primeiro longa-metragem de Kleber Mendonça Filho, Crítico, em 2008. O brasileiro recebeu o prêmio de melhor diretor em Cannes.

    O fato foi relembrado pelo próprio Kleber em conversa com jornalistas, depois da coletiva oficial. Questionado sobre a Palma de Ouro, comentou: “Eu adoro o Panahi. Foi uma das minhas melhores entrevistas quando eu era crítico. Ele, inclusive, está no Crítico, que é meu primeiro longa, sobre a crítica de cinema, sobre ser cineasta.”

    O diretor ainda comparou as duas produções: “Acho que considerando o mundo hoje, O Agente Secreto e o Foi Só Um Acidente são filmes que parecem destaques interessantes na premiação, porque eles falam muito de liberdade, violência de Estado. Fico honrado de estar na mesma competição que o Jafar Panahi. Eu acho que [os filmes conversam entre si], sim.”

    Crítico (2008) foi o primeiro longa-metragem da carreira de Kleber Mendonça Filho como diretor. O documentário traz depoimentos de diversos cineastas e críticos de cinema, acumulados ao longo de nove anos (1998-2007) de entrevistas, com a intenção de “registrar pessoas que admirava dos dois lados”.

    No longa, Jafar Panahi aparece conversando em um local público e arborizado, com uma camisa vermelha e um casaco preto. Ele comenta, num trecho de pouco mais de 30 segundos, sobre a relação entre a censura estatal e o cinema. Abaixo de seu nome, em sua identificação, consta “Offside”, nome de um de seus documentários, lançado pouco antes, em 2006.

    “Na verdade, censura não é crítica. A censura, em países fechados, é a confirmação da verdade do seu trabalho. Sistemas fechados não querem que ideias sejam mais eloquentes que as deles. Eles querem cortar ideias que sejam diferentes. Portanto, a censura é a confirmação ou pelo menos te dá a sensação de que você está fazendo o certo”, opina Jafar Panahi, que é iraniano, em Crítico, conforme tradução feita pelo longa.

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