Decisão sobre IOF pressiona Ibovespa à tarde, em baixa de 0,44%, a 137,2 mil
O Ibovespa teve nesta quinta-feira, 22, uma etapa vespertina mais volátil, com os investidores um tanto divididos entre a notícia bem recebida sobre o contingenciamento pelo governo de R$ 31,3 bilhões e a má digerida pelo mercado, de que haveria aumento de IOF para o cumprimento do arcabouço fiscal – o que chegou a ser relativizado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, antes de uma entrevista coletiva sobre o assunto, marcada para as 17 horas desta quinta-feira.
No pior momento, o índice da B3 tocou o limite inferior dos 137 mil pontos, aos 137.087,96 (-0,58%), saindo de máxima na sessão a 138.837,08 e de abertura aos 137.881,27 pontos. Ao fim, mostrava baixa de 0,44%, aos 137.272,59 pontos, com giro financeiro a R$ 24,8 bilhões. Na semana, o Ibovespa cede 1,38% e, no mês, avança 1,63% – no ano, acumula ganho de 14,12%.
Na B3, as ações do setor bancário devolveram a melhora pontual vista durante o anúncio de contingenciamento de R$ 31,3 bilhões pelo governo, com a notícia, que se impôs em seguida a partir de declaração do ministro dos Transportes, Renan Filho, de que, para garantir o cumprimento do arcabouço fiscal, haverá incremento de IOF, que seria detalhado e explicado pela equipe econômica neste fim de tarde. Haddad disse não se tratar de “nada de outro mundo”, mas que o assunto seria explicado ainda nesta quinta-feira. “A verdade vai vir à tona”, disse Haddad.
Assim, entre as principais instituições financeiras, apenas Bradesco, e por pouco (ON +0,15%, PN +0,26%), conseguiu se manter em alta ao fim da sessão – destaque para baixas de 0,80% em Santander Unit, de 0,83% em Banco do Brasil ON (na mínima do dia no fechamento) e de 0,69% em Itaú PN. As perdas em Petrobras (ON -1,33%, PN -1,32%) foram além do ajuste do petróleo na sessão – a terceira queda seguida nos preços da commodity -, em dia de cautela sobre a possibilidade de aumento da oferta pela Opep+ a partir de julho. Por sua vez, Vale ON, a principal ação do Ibovespa, fechou em baixa de 0,75%.
Na ponta perdedora do Ibovespa, Bradespar (-3,24%), Pão de Açúcar (-3,23%) e Vamos (-3,19%), No lado oposto, Raízen (+12,36%), Assaí (+5,46%) e Azul (+4,90%).
“Há incertezas fiscais também nos Estados Unidos, sobretudo após a aprovação na Câmara de um projeto de cortes de impostos proposto por Donald Trump, que prevê um acréscimo de US$ 3,8 trilhões na dívida pública americana nos próximos dez anos, o que pode elevar o déficit e pressionar a inflação. Essas tensões fiscais internacionais, junto com as medidas anunciadas no Brasil, influenciaram diretamente o comportamento do dólar e do mercado acionário brasileiro”, especialmente ao longo da tarde, destaca Inácio Alves, analista da Melver.
“O aumento do IOF é uma medida que, apesar de trazer receita no curto prazo, pode gerar distorções no sistema de crédito e desacelerar ainda mais a economia. A sinalização é negativa para o mercado, pois indica dificuldade do governo em cortar gastos e compromisso limitado com reformas estruturantes”, diz Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos. “O reflexo disso se dá tanto nos juros futuros quanto no humor do investidor”, acrescenta.
Assim, durante a entrevista do secretário-executivo da Fazenda, Dario Durigan, e com a publicação em edição extraordinária do Diário Oficial da União, o Ibovespa futuro, após o fechamento do índice à vista, mostrava deterioração adicional da percepção do investidor sobre a medida, com o índice futuro em baixa em torno de 0,8%, superior a do encerramento à vista.