
Turismo em Petrópolis: um gigante adormecido à espera de investimentos
Não é segredo para ninguém a difícil situação financeira do município e a forte restrição orçamentária enfrentada pelo setor de Turismo em Petrópolis. Embora o Turismo represente cerca de 6% do PIB municipal, nos últimos anos o setor tem recebido menos de 0,3% do orçamento público. E, se mantivermos a mesma política pública observada até aqui, nada deve mudar nos próximos anos.
Para se ter uma ideia do potencial do Turismo na geração de riqueza e prosperidade, Petrópolis recebe anualmente cerca de 1,5 milhão de pessoas, entre turistas (que pernoitam) e visitantes (que retornam no mesmo dia), gerando aproximadamente 3.500 empregos diretos. Enquanto isso, Gramado, no Rio Grande do Sul, recebe 8 milhões de visitantes por ano e gera cerca de 15 mil empregos diretos.
O que falta para avançarmos em um setor com tanto potencial de crescimento?
Diante da limitação financeira dos investimentos públicos, a saída é buscar parcerias com a iniciativa privada. Em Petrópolis, um bom exemplo de integração bem-sucedida é o segmento turístico de eventos, atualmente conduzido pelo setor privado, que tem mostrado resultados positivos ao trabalhar em conjunto com o poder público. Outro exemplo promissor é adoção de praças públicas por empresas privadas. Está comprovado que estas iniciativas possibilitam a atração de investimentos privados e permitem que o Município direcione recursos para outras áreas prioritárias, como saúde e educação.
Mas como atrair a iniciativa privada para investir no Turismo de Petrópolis?
Em minha opinião, o primeiro passo é criar um ambiente favorável ao empreendedor. Os empresários precisam sentir segurança jurídica para investir e perceber o poder público como um parceiro que facilita — e não dificulta — os investimentos. Estabelecer um clima de confiança e estímulo ao negócio é essencial para atrair capital.
Onde investir? Por onde começar?
Os modelos de concessões de ativos públicos para a iniciativa privada ou de Parcerias Público–Privadas (PPPs) no setor de turismo são alternativas eficazes para impulsionar o desenvolvimento e modernização do setor, oferecendo soluções inovadoras e sustentáveis. Estas parcerias permitem a colaboração entre o governo e empresas privadas, com a finalidade de melhorar infraestruturas turísticas, serviços e experiências para os turistas e visitantes.
Em Petrópolis, algumas oportunidades de negócios já estão colocadas, como a Casa de Santos Dumont, a Casa do Colono, o Parque Natural da Ipiranga e o Theatro Dom Pedro. O sucesso dessas concessões depende diretamente da capacidade do município em regulamentar, fiscalizar e garantir o cumprimento dos contratos.
Além disso, é necessário identificar e estruturar novas oportunidades de investimentos turísticos, como vem fazendo outros municípios fluminenses: Areal com o enoturismo; Maricá com projetos arquitetônicos assinados por Oscar Niemeyer; Miguel Pereira com o Parque dos Dinossauros; e Casimiro de Abreu com o turismo ufológico.
Neste caso, Petrópolis não precisa reinventar a roda. Temos um vasto leque de oportunidades de investimentos, como a criação do Museu Casa Barão de Mauá; do Museu Casa Barão do Rio Branco; do Museu da Memória Negra de Petrópolis; da Praça da Águia transformando-a em um grande Paço Imperial, conectando o prédio da Câmara, Frei Memória e Centro de Cultura Raul de Leoni; de um Parque Temático em Itaipava; da Casa de Nair de Teffé; da construção de um teleférico ligando a Igreja do Sagrado ao Trono de Fátima; do Centro de Tradições Alemãs no Coral e Concórdia; do tão sonhado Centro de Convenções para a realização de eventos culturais e esportivos; da requalificação do Parque São Vicente (asa delta); do Trem Turístico entre Nogueira e Itaipava (Noguita); do mirante do Disco na descida da serra; entre tantas outras. São tantas oportunidades que tropeçamos nelas.
Por último, torna-se fundamental compreender e enfatizar que o patrimônio histórico de Petrópolis é nosso maior ativo. Ele representa a memória viva da cidade e do país, refletindo o período mais marcante da história brasileira. Roteiros turísticos que incluam visitas a esses patrimônios podem enriquecer a experiência dos visitantes, promovendo uma conexão mais profunda com a cultura e a história locais. Para potencializar essa integração entre turismo e patrimônio, é urgente investir em tecnologias como aplicativos com geolocalização, que indiquem pontos turísticos, contem histórias e orientem os visitantes.
No Conselho Municipal de Turismo – COMTUR, a Sociedade Civil em sintonia com o governo municipal recém-instalado, tem procurado debater estas questões visando encontrar um modelo de desenvolvimento que permita o avanço e o crescimento sustentável do Turismo com geração de emprego, renda e prosperidade para os petropolitanos.
**Sobre o autor: Charles E. Klein Rossi é Presidente do Conselho Municipal de Turismo de Petrópolis (COMTUR), diretor do Clube 29 de Junho de Tradições Alemãs e consultor da CDL Petrópolis.