Xadrez: os petropolitanos têm uma média de um título a cada dois anos
Petrópolis segue com ótimo desempenho quando o assunto é ganhar títulos de xadrez no interior do estado. Nos últimos 40 anos, a cidade foi responsável por 26 conquistas estaduais.
De acordo com o site da Federação de Xadrez do Rio, o município é um dos maiores vencedores, se levar em conta o início do ranking, em 1976. Diferentes instituições locais se fizeram representar nas disputas que envolvem o interior.
O Clube de Xadrez de Petrópolis, por exemplo, tem 17 conquistas e logo atrás aparece a Liga Petropolitana de Desportos, com sete delas; a Associação Atlética Banco do Brasil tem uma, assim como o Serrano. Ao todo, estão catalogados no site da FXRJ 80 campeões, sendo que o petropolitano com maior número de troféus é José de Carvalho, com cinco. Esse mesmo enxadrista jogou pelo CXP, LPD e o Serrano em anos diferentes.
Três anos antes de iniciar o ranking estadual do interior, Petrópolis recebeu o Campeonato Interzonal, nas dependências do Petropolitano. A cidade ficou conhecida mundialmente no ano de 1973, por realizar uma disputa interessante, a ponto das partidas jogadas naquele ano serem estudadas até hoje em livros.
Em 1972, o mundo se espantou com a atuação do americano Bobby Fischer, que ao tornar-se campeão mundial vencendo o russo Boris Spassky, tirou dos soviéticos uma hegemonia que vinha desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Eles tinham sido campeões mundiais, desde que o grande Capablanca (cubano) havia se retirado. Aqui no Brasil, se destacava um jovem excêntrico muito conhecido, até mesmo por quem nem sabia como mover as peças: Henrique da Costa Mecking, o Mequinho.
E justamente ele seria o representante brasileiro que viria a Petrópolis, e disputou contra as feras soviéticas, no Petropolitano, a semifinal do Campeonato Mundial, no ano seguinte à conquista do americano. Era o novo ciclo do Mundial. Foi graças a este evento petropolitano que marcou época no xadrez brasileiro. Em 2014, no mesmo local que consagrou Mequinho, foi realizado um campeonato nos mesmos moldes de 1973, com a presença do craque dos tabuleiros.
A força do esporte presente – A FXRJ computa, em seu ranking, dois jogadores campeões por temporada quando o tema é interior. Por isso, começou em 1976 a determinar esse método de destacar os melhores. Logo no primeiro ano, José de Carvalho – jogando pela LPD – fez bonito ao estrear vencendo a competição estadual.
No ano seguinte, mais uma vez a LPD se fez presente com muita competência, mas desta vez com Márcio Moreira. E esse jogador, ainda em 1978, unificou o título petropolitano jogando pela AABB. Já em 1979, foi a vez do Serrano conquistar seu primeiro caneco estadual, com José de Carvalho, um tricampeonato que provou a força da modalidade. Na época, Petrópolis foi considerada a melhor do estado do Rio.
A LPD, inclusive, viria a conquistar um tricampeonato (1982-1984). No entanto, a entidade decidiu não enviar mais representantes para o Campeonato Estadual, cabendo exclusivamente ao Clube de Xadrez nomear os jogadores para a competição. Em 1987, a entidade pôs José de Carvalho na disputa e não decepcionou, garantindo a vitória naquele ano e no seguinte; a última conquista aconteceu em 2013, quando Daniel Rangel e Fernando Ventura Oliveira levantaram o troféu de campeões do interior.
Parece que não foi difícil explicar o sucesso petropolitano nos tabuleiros. Para o vice-presidente do CXP, Bruno Murtinho, o município tinha mais apoio ao esporte, o que se traduzia em resultados e títulos. “Olhando pra trás, quando tivemos apoio, por menor que fosse, conseguimos difundir o xadrez, desenvolver novos talentos e obtivemos excelentes resultados. Infelizmente, nenhum dos talentos conseguiu se profissionalizar, mas esse é um problema estrutural do esporte amador no Brasil. Ainda mais de um esporte que não participa das Olimpíadas, apesar de ser olímpico e ser membro do COI”, explicou o dirigente.