BV tem lucro líquido recorrente de R$ 480 Mi no 1º trimestre, alta de 49,6% em um ano
O banco BV encerrou o primeiro trimestre de 2025 com lucro líquido recorrente de R$ 480 milhões, crescimento de 49,6% em relação ao mesmo intervalo do ano passado. A alta das receitas e a queda do custo de crédito da instituição, controlada pela Votorantim e pelo Banco do Brasil, levaram à expansão dos resultados.
As receitas totais do BV subiram 6,7% em um ano, para R$ 2,987 bilhões. A alta foi puxada pela margem financeira bruta, que reflete os resultados obtidos pelo banco com juros, e que foi de R$ 2,370 bilhões, crescimento de 10,3% no mesmo período.
A carteira de crédito teve crescimento de 2,1% pelo conceito ampliado, para R$ 90,384 bilhões, sustentada pelo desempenho do segmento de varejo, em que cresceu 4,4%, para R$ 64,653 bilhões. A carteira de maior relevância, que é a do financiamento de veículos leves usados, subiu 1,8% no período, ou 9,3% se excluído o efeito da securitização realizada pelo banco no quarto trimestre do ano passado.
Ao todo, a base de ativos do BV somava R$ 140,688 bilhões no final de março, expansão de 3,3% em um ano. O patrimônio líquido foi de R$ 13,008 bilhões, queda de 7,3% no mesmo período. O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) do banco ficou em 16%, alta de 6 pontos porcentuais em um ano, repetindo o recorde do quarto trimestre do ano passado.
O diretor Financeiro e de Relações com Investidores do BV, Ronaldo Helpe, afirma que esse patamar de rentabilidade é sustentável, porque tem como base o amadurecimento da estratégia do BV de ampliar o relacionamento financeiro com os clientes e também diversificar os negócios, seja no crédito ou na prestação de serviços.
“É natural termos alguma variação, mas quando falamos em patamar, vemos este como estrutural dada a maturidade dos pilares estratégicos”, diz ele. “À medida que essa maturidade avance, podemos alcançar novos patamares.”
Preparado
De acordo com ele, o banco tem um balanço robusto o suficiente diante de um cenário de juros mais altos, que não só reduz a demanda por crédito como também afeta as margens. A carteira de financiamento de veículos é majoritariamente pré-fixada, mas, de acordo com o diretor, o BV faz uma proteção (hedge) da originação, o que permite uma convergência de taxas entre ativos e passivos.
“A sensibilidade do balanço do BV de uma forma direta à taxa de juros é muito baixa”, afirma o executivo.
No primeiro trimestre deste ano, a inadimplência do BV acima de 90 dias ficou em 4,9%, índice estável em relação ao mesmo período de 2024. Na visão do banco, não deve haver sobressaltos devido ao cenário macroeconômico, mas o índice pode ser pressionado pela mudança nas regras contábeis do setor.
Mais de 90% da carteira de crédito do BV tem garantias. Pelas regras do IFRS 9, que os bancos brasileiros passaram a adotar em janeiro, ativos garantidos levam mais tempo para serem exauridos, ou seja, para que se descarte completamente a chance de recuperação em caso de atraso.
“Os ativos inadimplentes ficam no balanço por mais tempo, por um efeito matemático”, diz Helpe. O perfil dos clientes, porém, não sofre alterações, o que significa que o BV não terá de fazer mudanças na estratégia de originação de crédito.
Este é o maior impacto da nova regra para o banco. Assim como outras instituições, o BV fez um ajuste no patrimônio líquido para acomodar a mudança de metodologia, mas o impacto não foi material.
Em março, o índice de Basileia do BV estava em 15,4%. Apesar de um consumo de 0,2 ponto porcentual em um ano, continuava bem acima do mínimo regulatório.
O banco tem aberto novas frentes de captação de recursos. Além da securitização de carteira, em que mantém o relacionamento com os clientes, o BV fez em abril uma emissão de títulos de dívida de US$ 500 milhões, com vencimento em abril de 2028, a partir da nova filial em Luxemburgo.
Segundo Helpe, não há novas emissões previstas, mas o banco agora tem prontidão para fazê-las caso as condições de mercado permitam.