• O artista não morre!

  • Continua após o anúncio
  • Continua após o anúncio
  • 27/01/2016 11:30

    Mais um carnaval se aproxima, haja crise ou não. Faça chuva ou sol. E dentre os luminares dessa memorável festa desponta em raro esplendor Eky Santos mais vivo que nunca.   Sim, “As pessoas não morrem, ficam encantadas”, disse Guimarães Rosa. Eky Santos é uma delas. Sua sensibilidade e arte estão espalhadas nas telas que pintou, nos belos figurinos que produziu, com certeza um dos maiores talentos artísticos da Imperial Cidade de Petrópolis com livre trânsito na alta roda carioca e por extensão, do Brasil. Era carnavalesco de alto quilate, integrou a banca de jurados do carnaval carioca e desfilou belas e ricas fantasias, no Teatro Municipal, Monte Líbano, Palácio Quitandinha e etc. Conquistou os primeiros lugares e farta premiação. Seus clientes eram famosos:  Clovis Bornay, Evandro Castro Lima e Wilza Carla.  Nasceu em Petrópolis, aos 14-11-1923, época das hortênsias, do romantismo em meio ao trem e o bonde , bonitos e nostálgicos. Para os cavalheiros predominavam o fraque e a cartola e para as mulheres as melindrosas, chapéus coco Inglês, cujo vestuário era importado da Europa, leia-se, França e Inglaterra .  Eky,   não obstante descender de  portugueses  e espanhóis , não  escondia a brasilidade à flor da pele. Sua “reentré” nas artes ocorreu durante o governo Cordolino Ambrósio,  quando se deu sua primeira “vernissage”.  Á ocasião, no carnaval, criou um belo Pierrot de 10,5 m, com as pernas abertas e o povo circulava sob elas, em meio às serpentinas, confetes e muita alegria.  Conheceu Oswaldo Teixeira e dessa amizade despontou, de vez, ao estrelato. Paralelamente seguiu a profissão de figurinista, sagrando-se expert da “haute couture”. Executava os figurinos do elenco do  Teatro Municipal do RJ. Mas era o carnaval seu  grande fascínio, já que  criava as personagens , as executava e as desfilava . Eis algumas delas: Átila Rei dos Unos, Caixa de Surpresas, Floradas da Serra, Arlequim do Polichinelo, o Barba Azul, Ricardo Coração de Leão, Primavera na Índia, dentre outras.  Ao desfolhar as Revistas “O Cruzeiro” dos anos 60/90 ou acessar pela internet, verá o nome de Eky entre os maiores astros do carnaval brasileiro.  Ele criou e confeccionou  o belo traje de luxo que consagrou Isabel Valença – Chica da Silva e,vestiu também Wilma Nascimento, da Portela. No ano de 1965 ingressou nas Escolas de Samba do RJ, o Salgueiro foi a primeira. Em 1971 foi para a Portela, até 1973, era diretor e do Deptº. Cultural junto ao Dr. Irã Araújo Coordenador da Riotu. Retornou à Petrópolis em 1974, desfilou nas E.S. Independentes de Petrópolis e 24 de Maio. Em ambas foi carnavalesco e conquistara merecidas premiações e inúmeros primeiros lugares, perdurado até o seu falecimento ocorrido em fins dos anos 90,  Quem conheceu Eky Santos  pôde admirar os  suntuosos vestidos de noiva, trajes para Madrinhas e damas que suas mãos criaram  e confeccionou, isto sem contar a época dos cassinos onde o turismo fervilhava Petrópolis e cercanias, os milionários e senhoras da alta sociedade disputavam os melhores hotéis ou mantinham suas residências de veraneio na serra, cada qual mais elegante à moda européia. Leve nuança deste virtuose que deixou sua sensibilidade impregnada em cada coração. Temos certeza de que,  no céu  cuida dos matizados e esvoaçantes trajes angelicais e do Cânon Divino.

    Últimas