• O Caminho da Resiliência

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  • 30/abr 08:00
    Por Gil Kempers

    O apagão na Europa e as ações de proteção e defesa civil

    Infelizmente, estamos vendo, ainda meio incrédulos, o apagão que atingiu a Península Ibérica no último dia 28 deste mês, deixando parte de Portugal e Espanha às escuras e levando o governo espanhol a decretar emergência nacional por conta da falta de luz. Mas o que isso tem a ver com a defesa civil? Na verdade, tudo.

    Quando temos um evento de grande abrangência com a capacidade de afetar milhares de pessoas nos países em que ocorre, esse evento adverso pode causar danos e prejuízos. Claro que não estamos falando de um desastre natural, ou, atualizando para o socioambiental, mas sim de um desastre tecnológico que abre um grande leque de riscos para a população e que precisa ser gerenciado e coordenado pelos órgãos de gerenciamento de desastres, em que grande parte desta articulação fica sob a responsabilidade da defesa civil.

    Além das centenas de vítimas iniciais, tais como pessoas presas em elevadores, pessoas presas nos vagões de metrôs e trens, empresas que fecharam por falta de energia, hospitais e outros serviços de emergência que entraram em modo de gerenciamento de crise, pontos turísticos que ficaram fechados e centenas de pessoas que perderam seus voos, bem como toda e qualquer pessoa que sofreu um dano ou prejuízo direto ou indireto por conta da falta de energia, é possível avaliar os danos e prejuízos de uma falta de luz generalizada e com tamanha abrangência. Impactos como a ausência de sinais de trânsito e de câmeras de segurança indicam uma obstrução na mobilidade urbana e uma lacuna para atentados e questões de segurança nacional, especialmente contra terroristas. São muitas as leituras possíveis de danos imediatos ou a longo prazo de um evento desta magnitude.

    De imediato, já é possível ter uma ordem de grandeza do tamanho do prejuízo e dos danos possíveis por conta deste evento adverso, que pode ser especificado em milhões de euros. Nesta fase do desastre, não se observa a origem do problema, mas a preocupação é atender todas as vítimas e minimizar os danos e prejuízos. Posteriormente à resposta, quando se observa a questão da ajuda humanitária e do restabelecimento, busca-se minimizar os impactos do desastre para a comunidade e os territórios.

    Já na reconstrução, busca-se entregar novamente à cidade as condições anteriores ao desastre. Para tanto, é necessário um estudo das causas e possíveis soluções para que se evite que novos eventos como este ocorram em larga escala.

    Assim, quando vemos eventos que, mesmo em uma primeira análise, não têm uma relação direta com as ações de proteção e defesa civil, acabam sendo de responsabilidade desta, pelo apelo público e pela capacidade de articulação da defesa civil entre agências, tendo a responsabilidade de integrar as agências, entendendo a capacidade operacional de cada uma delas e, dentro de uma matriz de responsabilidades, observando o papel de cada uma na execução de uma tarefa.

    Desta maneira, para os próximos eventos desta natureza, já não se pode considerar uma surpresa a interrupção no fornecimento de energia que afete um país europeu, e, assim, espera-se uma organização mais eficiente e mais célere para próximos eventos, entendendo, assim, que a lição será aprendida e a busca por soluções e mitigações será um próximo passo.

    Seguimos firmes.

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