Avenida Ipiranga ganha mais um restaurante
O Clube do Filet inaugurou ontem mais um restaurante. Desta vez, no casarão da Avenida Ipiranga nº 520, que pertenceu ao dramaturgo Aguinaldo Silva. Alvo de polêmicas desde o ano passado, o novo estabelecimento foi inaugurado sem que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), tivesse conhecimento. Há meses, o órgão de preservação vem apresentando exigências de algumas ações que são necessárias no espaço, que passou por uma série de intervenções em 2015. Uma delas é a recuperação do jardim e adequação da pousada, que estava sendo construída na parte de cima do terreno e que foi embargada no ano passado.
De acordo com a chefe do escritório técnico do Iphan na Região Serrana, Candice Ballester, o processo sobre esta residência, já foi encaminhado para o Rio, onde irá passar por uma comissão julgadora, que vai analisar os danos causados na casa, que está em uma área de tombamento. Em seguida, será firmado um termo de compromisso e/ou cobrança de multa, e devem ser encaminhados para os responsáveis pela casa na época em que houve o embargo. "O dano é cobrado a quem o fez", afirmou. Até ontem, Candice disse que oficialmente não foi informada sobre a venda do imóvel.
Além disso, destacou que qualquer intervenção no local, precisa de autorização do Iphan. "A obra da pousada está embargada e se houver intervenção no restaurante também deverá ser informado", comentou.
Na época do embargo, o Iphan alegou que a obra estava sendo realizada em desconformidade com o projeto que tinha sido aprovado. A previsão era que a casa desse lugar a um restaurante, a um pequeno teatro e a uma pousada. Segundo o Instituto, o projeto não respeitou a área de ocupação, realizou corte e supressão de vegetação além do que havia sido aprovado e também pavimentou, com piso impermeável, todo o jardim frontal para ocupação total da área com estacionamento.
Em abril, a Tribuna recebeu os responsáveis técnicos pela obra: a arquiteta Sofia Watkins e o engenheiro Sérgio Watkins. Na época, explicaram que o primeiro projeto aprovado em janeiro de 2015, por arquitetas do Rio de Janeiro não era viável e por isso foi preciso fazer algumas modificações. Um novo projeto foi enviado ao Iphan e aguarda aprovação.
Com relação ao corte e supressão da vegetação, Sofia esclareceu que houve corte apenas de um bambuzal e de uma quaresma (com licença da Secretaria Municipal de Meio Ambiente). Porém, a arquiteta destacou que, como medida de compensação seria realizada a plantação de espécies nativas no local, com ajuda de um paisagista. Quanto ao jardim, explicou que embaixo do gramado existente, verificou-se uma grande quantidade de água. Por isso, optou-se pela concretagem.
Desde o início o Iphan disse que sempre orientou e é favorável ao empreendimento, no entanto, ressalta que este deve respeitar a legislação de proteção ao patrimônio cultural nacional, valorizando o espírito do lugar de importância para a memória, identidade e história do país.
O proprietário do casarão foi procurado no local, mas não foi encontrado. Além disso, a equipe de reportagem tentou nas últimas semanas, inúmeras vezes, contato por meio da construtora que também pertence ao atual dono do espaço, mas não obteve sucesso.