Na contramão da crise, indústrias investem em inovação, aponta pesquisa
Em plena recuperação fiscal e um dos estados que mais sofre com a crise econômica, o Rio de Janeiro ganhou uma boa notícia nesta reta final de 2019. Recentemente, a Firjan apresentou uma pesquisa inédita sobre como andam as indústrias do estado no quesito inovação e, para surpresa de todos, os dados mostraram números positivos que surpreenderam o mercado.
Segundo o estudo, 60% das indústrias adotam práticas inovadoras com o objetivo de melhorar produtos, serviços e principalmente manter a competitividade. Além disso, outros itens importantes relacionados ao tema foram respondidos por aqueles que mais empregam no estado. Mais da metade da mostragem – mais especificamente 53% – investem em treinamento e na compra de programas tecnológicos.
Apesar dos números revelarem um certo otimismo, mostram também um aspecto que pode ser preocupante, já que dois assuntos importantes no contexto da economia do século 21 foram pesquisados junto aos pequenos empresários. Segundo o trabalho de campo encomendado pela Firjan, inovação e incentivos fiscais ainda são pouco conhecidos nesta tão importante categoria econômica.
A pesquisa foi realizada no segundo semestre deste ano e aconteceu com o intuito de avaliar o padrão das atividades inovadoras nos dois últimos anos. O que a Firjan queria descobrir era, na realidade, quais são os tipos de práticas inovadoras que os empresários empregam em seus negócios. Os números são significantes.
Cerca de 59,5% das empresas pesquisadas estão no caminho da inovação, sendo que 42,5% responderam que tais práticas visam a melhoria de seus produtos, enquanto 28,2% querem agilidade no processo produtivo. A inovação também já assume novas formas e atinge a gestão das empresas: nos últimos três anos, 21,1% das indústrias adotaram prática de gestão nova ou aprimorada e 11,4% investiram na mudança de seu modelo de negócios.
Para o presidente da Representação Regional da Firjan na Região Serrana, Júlio Talon, a inovação é de fundamental importância para aumentar a competitividade e abrir novos mercados. Por isso, a pesquisa revela um desafio que se impõe aos empresários do Rio. “Nesse processo de que chamamos de ´Quarta Revolução Industrial´, as empresas aprendem a definir melhor os tipos de inovação. Além disso, racionalizar seus recursos para se manter competitivos faz parte da vida delas”, disse ele.
Em Petrópolis, o empresário Alfredo Eccard é um dos que seguem a linha de pensamento de combinar inovação e competitividade nos dias atuais. Em conversa com a Tribuna, o proprietário da Helga´s Brot, afirmou que as práticas inovadoras são fundamentais para a sobrevivência de qualquer negócio nos dias atuais, inclusive citou como exemplo o uso da técnica Lean para melhorar o processo de produtividade, evitando o desperdício.
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“A Firjan foi fundamental nesse processo de nos ajudar na modernização e as práticas inovadoras. Através do sistema que adotamos, a produção subiu e em algumas etapas tivemos uma melhora de até 40%, o que resulta na melhora do negócio”, explicou Alfredo, que acredita na melhora da economia do país, em especial no Rio de Janeiro, para 2020.
Para detalhar melhor o que foi a análise de campo, a Coordenadora de Pesquisas Institucionais da Firjan, Joana Siqueira, disse que a inovação vem se consolidando cada vez mais como fator de competitividade entre as empresas. Em virtude disso, ela contou que, na conclusão da pesquisa, seis em cada 10 indústrias desenvolveram alguma ação inovadora nos últimos três anos.
“Esse número, por si só, já é bastante relevante. E, quando a gente pensa na conjuntura econômica que o país estava vivendo, no período que perpassa a pesquisa, esse número chama ainda mais atenção”, afirma Joana.
O tema inovação está em voga no vocabulário do “economês”. E isto se acelera cada vez mais, em que pese a queda dos investimentos no país atual. De acordo com Arthur Garutti, sócio da empresa ACE, a inovação vive um momento inédito e muito positivo no país.
“Independente dos momentos de crise, a inovação vai se mostrando anti-cíclica. Se a gente pegar, por exemplo, o que acontece no ecossistema de startups, investimentos em capitais de risco nos últimos seis a sete anos, o Brasil nunca viveu um momento tão bom. Ele foi totalmente inverso à queda dos indicadores econômicos. A tendência é que, com a retomada do crescimento, isso vai se acelerar”, ressaltou Garutti.