• Nova lei encurta para 30 dias prazo para diagnóstico de câncer

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  • 17/11/2019 17:25

    Começa a valer, em abril de 2020, a nova lei federal que determina que o Sistema Único de Saúde (SUS) ofereça exame para diagnóstico de câncer em até 30 dias. A regra foi sancionada em outubro deste ano e tem um prazo de 180 dias para começar a valer. Atualmente, a legislação prevê um prazo de 60 dias entre o diagnóstico e o tratamento. Dados do Ministério da Saúde revelam que o Rio de Janeiro é o estado do país que menos cumpre a lei: em apenas 42% dos casos o tumor é diagnosticado em estágio inicial. 

    Em Petrópolis, apesar da situação ser um pouco mais confortável, os pacientes ainda enfrentam problemas para fazerem exames como a mamografia, por exemplo. Segundo a presidente da Associação Petropolitana de Pacientes Oncológicos (APPO), Ana Cristina Mattos, devido a problemas no aparelho do Hospital Alcides Carneiro (HAC) a espera pelo exame está ultrapassando quatro meses. 

    “O aparelho quebrou no meio do ano e com isso se formou uma fila. Antes disso, a mamografia era realizada de forma bem rápida, agora os pacientes estão tendo que esperar. Estamos acompanhando os casos e a Prefeitura vem tentando também atender a demanda com contratação dos exames em clínicas particulares”, disse Ana Cristina.

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    De acordo com especialistas, na maioria dos tumores, as chances de cura são bem maiores quando diagnosticados na fase inicial. Além disso, nos casos de câncer de mama, por exemplo, quando a doença é descoberta cedo, a mulher sofre menos riscos de mutilação. Foi o que aconteceu com a autônoma Jacqueline Gorges, de 42 anos. Ela descobriu o tumor em 2014 e, dentro do prazo estipulado pela lei, conseguiu fazer todos os exames e o tratamento.

    “Logo que descobri o câncer, consegui vaga para fazer todos os exames. Em 20 dias mais ou menos, já estava com tudo pronto. Tudo foi muito rápido, entre os exames, a cirurgia e o tratamento. Não houve nenhuma demora”, contou Jacqueline. Para ela, a rapidez entre o diagnóstico e o tratamento foi fundamental para a preservação da mama. “Só precisei fazer uma quadrantectomia, retirar o local onde o tumor estava, preservando o restante”, disse.

    Cinco anos depois de descoberto o câncer, Jacqueline ainda precisa fazer mamografia anualmente para acompanhamento. Este ano, devido a fila no SUS, ela enfrenta dificuldades para realizar o exame. “Fiz o pedido em setembro e me marcaram para janeiro. Depois do câncer, a gente tem medo de tudo, de uma recidiva e, por isso, esse tempo longo de espera é sempre preocupante”, ressaltou a paciente.

    Atualmente, o fluxo de atendimento na rede municipal de saúde começa com o clínico geral que indica a consulta com o especialista, depois o paciente inicia os exames laboratoriais e de imagens, seguindo para o tratamento cirúrgico além da quimioterapia ou radioterapia e cuidados paliativos – controle da dor, suporte/apoio ao cuidador.

    Além da fila para exames que possam diagnosticar o câncer, a defensora pública Andréa Carius também denuncia que há problemas na realização de cirurgias no Hospital Alcides Carneiro (HAC). Segundo ela, a falta de um centro cirúrgico específico para a oncologia dificulta o acesso dos pacientes. “Recebemos denúncia de cirurgias que foram canceladas por falta de leitos. Cirurgias de pacientes oncológicos, em sua maioria, precisam ter a retaguarda de um leito de UTI e, como nem sempre isso acontece, alguns procedimentos estão sendo cancelados. Esse é um problema sério”, comentou a defensora.

    A fila para a realização de exames que diagnosticam o câncer também chamou a atenção do Conselho Municipal de Saúde (Comsaúde), que criou uma comissão para avaliar o sistema de atendimento. “Entre os pontos que conseguimos diagnosticar para melhorar o sistema, está a melhora na agilidade para realização de exames. Para alguns procedimentos mais específicos, ainda há demora e que necessitam da contratação dos serviços. Por conta disto, o Conselho, por meio da Comissão de Saúde, junto com a Secretaria Municipal de Saúde e a Comissão de Defesa da Saúde da Câmara vem discutindo a rede de assistência aos pacientes oncológicos para que o atendimento possa ser mais rápido”, comentou o presidente do Comsaúde, Rogério Tosta.

    Segundo a Prefeitura, em 2018, foram realizados 5.909 consultas de especialidade de oncologia na rede pública e 3.597 só na mastologia. Este ano, entre janeiro e julho foram 5.354 sessões de quimioterapia pelo Sistema Único de Saúde. E só no ano passado, foram registradas 520 mortes por câncer.

    Em nota, a Prefeitura informou que criou uma “Comissão Permanente de Oncologia, que vem fazendo o diagnóstico da rede de atenção oncológica com o intuito de criar um fluxo de cuidados relativos às neoplasias de maior incidência e mortalidade e desenvolver planejamento adequado da Rede de Atenção Oncológica”. 

     

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