• Os velhos “anjos e cara suja”

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  • 14/06/2016 12:00

    Precisamente em 1938, Hollywood produziu um filme clássico de gangsteres – “Anjos de cara suja”, protagonizado pelo eficiente James Cagney, o correto Pat O´Brien e um grupo de jovens “ditos” marginais que, posteriormente, ficaram conhecidos com tal alcunha, liderados pelo jovem ator Leo Gorcey e que participaram, depois, de vários outras películas.

    Portanto, quase 80 anos depois nos deparamos com personagens semelhantes, autênticos “anjos” mas desta vez – “Anjos de cara lavada” – as atuais figuras que surgem em função de denúncias provenientes  das investigações da Lava-Jato – dos denunciados Lula e Da. Dilma, passando pelos diversos políticos de diversos partidos, mas todos, de uma pureza angelical, concluindo que os únicos culpados deverão ser os empreiteiros, os doleiros e os diretores da Petrobrás e que político algum, ou qualquer partido, sujou suas imaculadas mãos com tanto dinheiro sujo – quanta inocência cândida e pura! É nestas horas que somos forçados a lembrar da célebre frase do então deputado Ulisses Guimarães e aplaudir suas palavras: – “Em política, até briga é ensaiada”.

    O que pretendem esses políticos – mostrar toda sua esperteza e tentar convencer as pessoas que não se deixam mais enganar, além da massa que em tudo acredita e nada vê? Quando será que eles irão se conscientizar de que ninguém aceita mais tanta hipocrisia e desfaçatez? Afinal, tudo que é demais cansa – principalmente a falsidade dos políticos.

    Por isto mais uma vez, a poesia sempre nos socorre e esclarece, como escreveu, recentemente,  o professor Ataualpa (citando Fernando Pessoa) e, de minha parte, vou atrás do Conde Afonso Celso, reproduzindo um pequeno trecho de seu poema – “AMBIÇÃO” :

    “Desejo vão de ser notado, / de comandar, de aparecer, / qual, afinal, teu resultado?

    Qual teu valor, qual teu prazer? / Vai-se aviltando quem te escuta…

    Si elevação, ás vezes, dás, / é só depois, de febre e luta, / de modo efêmero e falaz.

    Quem se emaranha em tua rede, / Leis não conhece, olvida o lar ;/ o teu licor não mata a sede: /

    faz beber mais, até matar.”

    Por outro lado, achei nos meus “arquivos implacáveis” – O grande homem – do poeta Luis Homero, que tudo confirma em seus versos e que parecem ter sido inspirados, por antecipação, na pessoa do juiz Sergio Moro :

    “O grande homem é facilmente identificado: / logo, os pequenos se voltam contra ele. 

    Os corruptos, / que perdem dignidade para ganhar dinheiro / não se conformam em vê-lo perder dinheiro / para ganhar dignidade.

    Os invejosos, / não podendo ser como ele é, / proclamam que ele é o que eles não são.

    Os incompetentes,/ que mandam sem liderar, / ficam desesperados ao constatar / que ele lidera sem mandar.

    Os desonestos, / cuja lei é o desrespeito às leis, / têm um sádico prazer em difamá-lo, / porque o respeito para ele é lei.

    Enfim, todos os pequenos, / não podendo subir à altura em que ele está, / sentem uma irreprimível necessidade / de fazê-lo descer ao baixo em que estão.”

    Essa é a finalidade  de um poema – tudo dizer, objetivamente, em poucas palavras e, com facilidade, se fazer entender. Como diria meu amigo Fernando Py, são poemas circunstanciais e é esse o estilo que me agrada (sempre eternos) por serem um reflexo da vida, do comportamento das pessoas e das reações de cada um diante das circunstâncias.

    jrobertogullino@gmail.com


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