• Festival de Berlim: brasileiro ‘O Último Azul’ leva Grande Prêmio do júri

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  • 22/fev 17:50
    Por André Carlos Zorzi / Estadão

    O Festival de Berlim divulgou a sua lista de vencedores em 2025 neste sábado, 22, em edição foi marcada por preocupações políticas. O norueguês Dreams (Sex Love) venceu o Urso de Ouro de melhor filme e o longa brasileiro O Último Azul levou o Grande Prêmio do Júri, um dos de maior prestígio da Berlinale, considerado também como Urso de Prata.

    O longa de Gabriel Mascaro já tinha recebido o Prêmio do Júri Ecumênico, dado a produções que abordam questões espirituais e sociais, e o Prêmio do Júri de Leitores do jornal Berliner Morgenpost (leia mais aqui). O principal prêmio foi o penúltimo entregue na cerimônia.

    “Esse é um filme que provoca o pensamento. Que explora o envelhecimento, a liberdade e a resistência, fazendo um poderoso comentários sobre o tratamento que a sociedade dá aos mais velhos. O Urso de Prata do Grande Prêmio do Júri vai para O Último Azul”, disse a apresentadora.

    O diretor Gabriel Mascaro subiu ao palco acompanhado pelos atores Rodrigo Santoro e Denise Weinberg e agradeceu: “O Último Azul fala sobre o direito de sonhar e acreditar que nunca é tarde para encontrar um novo significado na vida. Muito obrigado.” Confira a íntegra do discurso aqui.

    Após a cerimônia, Rodrigo Santoro destacou, por meio de sua assessoria: “A maior vencedora é a nossa cultura. É emocionante representar o Brasil num filme que nos convida a reeducar o olhar para um tema tão urgente”.

    “Estamos muito, muito felizes com esse Urso de Prata e alavancando o cinema brasileiro depois de anos de trevas. Somos capazes, sim, somos criativos, sim. Temos de levantar nossa autoestima e continuar resistindo!”, destacou a protagonista Denise Weinberg, também via assessoria.

    A divulgação do longa divulgou também uma mensagem de Walter Salles, que atualmente concorre ao Oscar com Ainda Estou Aqui: “Viva Gabriel Mascaro! Viva o cinema brasileiro! Viva a criatividade maravilhosa do cinema pernambucano!”

    “O Grande Prêmio outorgado pelo Festival de Berlim a O Último Azul é um reconhecimento do incrível talento de Gabriel e dos nossos atores e técnicos. A continuidade é fundamental para enraizar uma cinematografia, é isso que Gabriel Mascaro nos ofereceu hoje”, concluiu.

    O Último Azul

    A história se passa na região da Amazônia brasileira em um futuro distopico, em que o governo do País isola pessoas idosas para viver o resto de suas vidas em uma colônia habitacional. A protagonista Tereza (Denise Weinberg), que passou os 77 anos de sua vida vivendo em uma pequena cidade industrial, se recusa a simplesmente aceitar tal destino e embarca numa viagem transformadora através dos rios para cumprir um último desejo antes que sua liberdade seja tirada. O elenco ainda conta com Rodrigo Santoro, Miriam Socarrás e Adanilo.

    O filme recebeu diversos elogios da crítica especializada internacional após sua exibição na semana passada. Peter Debruge, da Variety, por exemplo, encaixa o filme “em algum lugar entre a ficção científica e a fábula” em que o diretor Gabriel Mascaro encontra um sinal de otimismo em sua própria visão de futuro distopico.

    “Apesar de uma das mensagens de Mascaro ser o inegável respeito pelos mais velhos, o que a autolibertação de Tereza representa pode ser experienciado por pessoas de todas as idades. Sua jornada é curta, de apenas 86 minutos, mas é repleta de encontros e imagens indeléveis”, consta. Clique aqui para ler outras críticas sobre O Último Azul.

    Outro brasileiro de destaque – 12 foram exibidos no Festival de Berlim neste ano – foi Hora do Recreio, de Lucia Murat, que recebeu uma menção especial do júri na Mostra Generation 14 Plus.

    Confira abaixo a lista com os ganhadores das principais categorias da Berlinale deste ano:

    Vencedores do Festival de Berlim de 2025

    – Melhor Filme (Urso de Ouro): Dreams (Sex Love), de Dag Johan Haugerud

    – Grande Prêmio do Júri: O Último Azul, de Gabriel Mascaro

    – Prêmio do Júri: The Message, de Iván Fund.

    – Melhor Diretor: Huo Meng, por Living the Land

    – Melhor Performance de Atuação Principal: Rose Byrne, por If I Had Legs I’d Kick You

    – Melhor Performance de Atuação Coadjuvante: Andrew Scott, por Blue Moon

    – Melhor Roteiro: Radu Jude, por Kontinental ’25

    – Contribuição artística extraordinária: pelo conjunto criativo de The Ice Tower, de Lucile Hadžihalilovic

    – Prêmio GWFF de Melhor Filme Estreante: El Diablo Fuma (Y Guarda Las Cabezas de Los Cerrillos Quemados En La Misma Caja), de Ernesto Martínez Bucio

    – Menção especial: On Vous Croit, de Charlotte Devillers e Arnaud Dufeys

    – Melhor Documentário: Holding Liat, de Brandon Kramer

    – Menções especiais: La Memoria de Las Mariposas, de Tatiana Fuentes Sadowski; Canone Effimero, de Gianluca De Serio e Massimiliano De Serio

    Prêmios do Júri Internacional de Curta-Metragens do Festival de Berlim 2025

    – Urso de Ouro de Melhor Curta: Lloyd Wong, Unfinished, de Lesley Loksi Chan

    – Prêmio do Júri (Urso de Prata) de Melhor Curta: Ordinary Life, de Yoriko Mizushiri

    – Prêmio Cupra de Cineasta de Curta: Quento Miller – Koki, Ciao

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