Dólar tem viés de baixa seguindo exterior de olho em minério e serviços, antes de CPI dos EUA
O dólar abriu esta quarta-feira, 12, com viés de alta, mas passou a cair moderadamente ante o real, acompanhando a fraqueza frente outras divisas emergentes em meio à alta do minério de ferro. Investidores analisam também os dados de serviços no Brasil mais fracos que o esperado em dezembro e em 2024, que ajudam a imprimir viés de baixa aos juros futuros. Pouco depois das 9h30, o dólar à vista rodava perto da estabilidade, com viés negativo.
O volume de serviços prestados caiu 0,5% em dezembro em relação a novembro, segundo dados do IBGE. O resultado ficou abaixo da mediana esperada no mercado, de alta de 0,1%. A queda de novembro foi revista de -0,9% para -1,4%. Em comparação com dezembro de 2023, houve alta de 2,4%, superando as expectativas que variavam entre 0,5% e 4,6%. A taxa acumulada de 2024 foi de 3,1%, menor que a mediana 3,2% e dentro da previsão de crescimento de 3,0% a 3,3%. A receita bruta nominal do setor de serviços caiu 0,8% em dezembro, mas registrou um aumento de 6,2% em relação ao mesmo mês de 2023.
O mercado olhou mais cedo a entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, à Rádio Diário FM, de Macapá. Ele disse que é preciso “dar tempo” ao presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, para que a taxa de juros caia nos próximos meses. Repetiu que não é possível esperar um “cavalo de pau” e uma queda imediata, culpando o antecessor, Roberto Campos Neto, pelas últimas altas. “Tenho certeza de que o Gabriel Galípolo vai consertar a taxa de juros nesse País. Temos de dar a ele o tempo necessário para fazer as coisas. Ele não poderia entrar e dar um cavalo de pau. É preciso que vá com cuidado para que a gente não tenha uma trombada”, declarou.
No radar está o presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu anunciar tarifas “recíprocas” e restrições ao setor bancário. No Brasil, o governo está analisando os efeitos das tarifas dos EUA sobre aço e alumínio, que entram em vigor em março, antes de dar uma resposta a Trump.
O mercado também aguarda o CPI dos EUA (às 10h30), que pode ter impacto limitado nas expectativas sobre os juros do Federal Reserve. A expectativa é de uma alta de 0,3% em janeiro e 2,9% na comparação anual, de acordo com as medianas do Projeções broadcast.
O presidente do Fed, Jerome Powell, dará um depoimento na Câmara dos Representantes (12h), e o presidente do BC, Gabriel Galípolo, falará em seminário no Rio (10h). Na terça, 11, Powell reiterou que o Fed não tem pressa para cortar os juros.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, concederá entrevista ao SBT (18h). Na terça, ele anunciou um aumento na previsão de economia com o pacote fiscal de 2025, agora estimada em R$ 34 bilhões, devido ao impacto maior das medidas no orçamento. Esses novos números serão apresentados ao relator do PLOA, senador Ângelo Coronel.
Às 9h39, o dólar à vista rodava perto da estabilidade, com viés de baixa, cotado a R$ 5,7662 (-0,03%), após oscilar de R$ 5,7582 (-0,17%) a R$ 5,7727 (0,08%).