Lucro do Bradesco cresce 20% e chega a R$ 19,5 bi em 2024
O Bradesco registrou lucro líquido recorrente de R$ 19,5 bilhões em 2024, um aumento de 20% em relação ao resultado do ano anterior. No quarto trimestre, o banco teve lucro recorrente de R$ 5,4 bilhões, valor 87,7% maior que o do mesmo período de 2023, e 3,4% superior ao auferido no terceiro trimestre.
A evolução da lucratividade reflete a recuperação das margens do banco, especialmente no crédito, ao longo do ano. Além disso, a incorporação de uma fatia maior da Cielo, que teve o capital fechado em agosto do ano passado, ampliou o crescimento das receitas com serviços.
A carteira de crédito do Bradesco encerrou dezembro com saldo de R$ 981,6 bilhões, alta de 11,9% em um ano, puxada principalmente pelas operações para grandes empresas, que avançaram 17,9% no ano, para R$ 314,7 bilhões. Já a carteira para pessoas físicas teve alta de 11,9% em um ano, somando R$ 403,3 bilhões.
“Em 2024, entregamos lucro líquido de aproximadamente R$ 2 bilhões acima do que estava implícito no centro do nosso guidance (projeção) porque aproveitamos oportunidades para crescer significativamente em linhas de alta margem líquida, mesmo que tivessem spreads menores”, disse o presidente do banco, Marcelo Noronha, ao comentar os resultados do primeiro período completo de sua gestão. Ele assumiu o posto com a missão de recuperar resultados e também promover uma ampla reestruturação do conglomerado.
A inadimplência medida pelos atrasos de mais de 90 dias recuou 1,1 ponto porcentual no ano e fechou dezembro em 4,0%. Assim, as despesas com provisões contra devedores duvidosos (PDD) caíram 29,1% no quarto trimestre, para R$ 7,46 bilhões.
Cenário mais difícil
Sobre os cenários para este ano, Noronha afirmou que 2025 deve ser um ano mais difícil no crédito para as empresas médias, devido à alta dos juros. Em relação às pessoas físicas, ele não espera uma piora significativa, diante de desemprego ainda baixo e do crescimento da renda. “Não me parece haver um estresse grande na pessoa física”, disse ele, admitindo que o cenário atual não é bom nem para as famílias nem para as empresas. “Nós vamos trabalhar com os melhores riscos e modalidades para garantir uma carteira saudável.”
Em 2024, segundo ele, o Bradesco teve o maior porcentual da carteira de empréstimos garantido por colaterais desde 2018. “Nossa carteira de crédito crescerá em linha com o mercado em 2025. Nossa opção é por garantir a sustentabilidade da nossa jornada, evoluindo com segurança e mantendo o custo de crédito sob controle.”
A margem com clientes, que reflete o ganho em operações de crédito, teve alta de 4,7% em um ano, para R$ 16,15 bilhões no ano passado. O guidance (projeção dos próximos resultados) para 2025 aponta para um crescimento menor das operações de crédito, que Noronha classificou como uma projeção “pé no chão”, “conservadora”, diante de um cenário econômico mais difícil. “O que importa é continuar crescendo a margem líquida e entregar mais resultados.”
O Bradesco começou a desacelerar a concessão de crédito já no último trimestre do ano passado, diante da forte desvalorização do real. “Nós não estamos esperando a conjuntura chegar, estamos fazendo movimentos o tempo inteiro”, afirmou Noronha.
Rentabilidade em alta
No balanço de 2024, a nova gestão conseguiu também uma importante recuperação na rentabilidade do banco: o retorno sobre o patrimônio líquido (ROE, na sigla em inglês) chegou a 12,7% no quarto trimestre, uma alta de 5,8 pontos porcentuais em 12 meses – embora ainda abaixo dos 17,6%, do Santander, e dos 22,7% do Itaú Unibanco em 2024.
Outra fonte importante de ganhos, as receitas com serviços (incluindo a cobrança de tarifas bancárias) cresceram 13,7% no ano passado, para R$ 10,26 bilhões, puxadas pela incorporação das receitas da Cielo, que fechou seu capital na Bolsa. Sem elas, o crescimento ficaria em 7,9% no período.
De acordo com Noronha, o banco superou no ano passado as metas de revisão da rede de agências e postos de atendimento que havia planejado. Foram fechados mais de 1.300 pontos, entre agências e outros modelos de atendimento físico. “Mesmo assim, a nossa base de clientes cresceu em 2,1 milhões (de pessoas, físicas e jurídicas) em 2024, e 99% das nossas transações foram feitas pelo digital”, ressaltou.
Ele destacou ainda avanços como a criação de uma diretoria de agronegócio na área de atacado, a compra de 50% do banco John Deere e o lançamento do Bradesco Principal, novo segmento voltado aos clientes de alta renda.
O Bradesco fechou 2024 com R$ 2,127 trilhões em ativos, crescimento de 8,3% no comparativo anual. O patrimônio líquido somava R$ 162,6 bilhões, queda de 0,2% no ano.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.