Dólar acompanha alta externa e da curva de Treasuries e fala de Lula ajuda
O dólar opera em alta no mercado à vista, alinhado à valorização externa da divisa americana e dos rendimentos dos Treasuries. Lá fora, a libra acelerou a queda ante o dólar, após o Banco da Inglaterra (BoE) dar sequência, pela terceira reunião seguida, ao ciclo de flexibilização monetária e cortar a taxa de juros em 25 pontos-base, a 4,5%.
O euro cede também sob ameaças do governo americano de que a União Europeia deveria ser o próximo alvo das tarifas comerciais. Um eventual acordo tarifário entre EUA e China ainda não se concretizou e há expectativas de que as retaliações chinesas às tarifas de Trump comecem a valer em 10 de fevereiro.
Investidores locais podem estar reagindo também à entrevista do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a rádios da Bahia, na manhã desta quinta-feira, 6. O presidente disse ter certeza de que o Congresso vai aprovar o projeto que aumenta a faixa de isenção do Imposto de Renda para isentar do IR as pessoas que ganham até R$ 5 mil. Lula reforçou que o Ministério da Fazenda e a Receita Federal elaboraram uma medida que compense a renúncia de receita com o aumento da faixa de isenção e que essa conta recairá “nas pessoas mais ricas”. Segundo ele, o objetivo é fazer “justiça social”. “Uma pessoa que ganha acima de R$ 50 mil ou R$ 100 mil tem a obrigação de pagar para que as pessoas que ganham menos não paguem”, declarou.
O chefe do Executivo voltou a criticar também a antiga gestão do Banco Central, de Roberto Campos Neto, que, segundo o presidente, “deixou uma arapuca” na autoridade monetária com novos aumentos da taxa de juros já previstos para este ano. A gente não pode dar um cavalo de pau em um navio do tamanho do Brasil”, disse Lula, poupando o novo presidente do BC, Gabriel Galípolo, de qualquer crítica.
Lula reafirmou que a inflação nos seus dois primeiros anos de governo foi menor que no governo de Jair Bolsonaro, seja nos primeiros dois anos ou nos dois últimos. Defendeu, ainda, que o preço dos alimentos sejam reduzidos.
“Na medida em que a gente aumenta o salário mínimo acima da inflação, aumenta a massa salarial, precisamos compensar com uma redução do preço dos alimentos. Se comparar a inflação dos últimos dois anos, de 7,6%, e com os dois primeiros anos do Bolsonaro, de 27,4%. Nos últimos dois anos do Bolsonaro, foi 22%. Nós estamos trabalhando, conversando com empresários, usando a competência da Fazenda, da Agricultura e do Desenvolvimento Agrário”, declarou.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por sua vez, afirmou em entrevista à Globonews que a alíquota média do IVA será de 22% e disse que o presidente Lula pretende chamar a Advocacia-Geral da União (AGU) para verificar se há qualquer tipo de inconstitucionalidade na reforma dos impostos cobrados sobre a renda. Haddad reforçou seu compromisso de permanecer no cargo até o fim do mandato de Lula. Ele afirmou que a peça orçamentária não terá dificuldades para ser aprovada pelo Congresso, que a ‘bola’ dos supersalários está com o Senado e que não pretende ser candidato à Presidência em 2026.
Às 9h28, o dólar à vista subia 0,37%, a R$ 5,8154. O dólar para março ganhava 0,33%, a R$ 5,8405.