• Juros: DIs sobem na véspera de leilão de prefixados e com produção industrial

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  • 05/fev 18:45
    Por Caroline Aragaki / Estadão

    Os juros futuros aceleraram a alta no período da tarde, com o mercado ajustando suas posições na véspera do leilão de prefixados do Tesouro. O mercado também reavaliou o dado da produção industrial divulgado pela manhã que, por ter vindo acima do esperado, coloca em dúvida a tese de uma desaceleração econômica mais forte, a qual respaldaria cortes de juros mais cedo. Operadores apontam ainda que há espaço para essa correção – que ocorre no mesmo dia em que o dólar avança, após 12 pregões em queda -, considerando o fechamento expressivo da curva de juros recentemente.

    A taxa do contrato de depósito interfinanceiro (DI) para janeiro de 2026 subiu para 14,965%, de 14,921% no ajuste anterior. O DI para janeiro de 2027 avançou a 15,020%, de 14,879%, e o para janeiro de 2029 subiu para 14,645%, de 14,454% no ajuste de ontem.

    Gustavo Okuyama, gestor de renda fixa da Porto Asset, afirma que a abertura dos juros longos ocorre por ajustes antes do leilão de venda de títulos prefixados do Tesouro, nesta quinta-feira. “O investidor tem receio de que venha um lote grande e que o Tesouro pague o prêmio, então quem está posicionado na queda de juros acaba saindo dessas posições, ou tenta se proteger. Isso faz com que o juro longo abra”, explica.

    A alta também se deu nas taxas de DIs de curto prazo, com o mercado reavaliando a produção industrial, que veio acima do esperado: caiu 0,3% em dezembro ante novembro, na série com ajuste sazonal, perto do teto das estimativas, que iam de -2,2% a -0,1%.

    “Com essa surpresa, o mercado começa a duvidar da desaceleração mais rápida da atividade, assim diminuindo a expectativa de que o Comitê de Política Monetária inicie corte de juros mais cedo”, complementa o gestor de renda fixa da Porto Asset.

    O economista Julio Hegedus Netto, da Confiance Tec, destaca ainda que havia espaço para correção tanto no dólar (que fechou em alta de 0,38%, a R$ 5,7942) quanto nos juros futuros, após quedas recentes.

    Para Netto, preocupa ainda a guerra de tarifas, que pode causar desaceleração da atividade econômica dos Estados Unidos e aumento da inflação global. “É esperado que o impacto da elevação de tarifas sobre os custos de produção seja repassado aos preços ao consumidor. Acabaremos sofrendo por tabela se houver aperto monetário nos EUA”, analisa.

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