Risco altista de desancoragem persistente para a inflação permanece, avalia Copom na ata
O Comitê de Política Monetária (Copom) avaliou, na ata da sua última reunião, que há riscos pressionando o viés de alta da inflação, sobretudo a desancoragem das expectativas. Também estão no balanço altista do colegiado o sobreaquecimento da economia e a condução da política econômica com impacto nas taxas de câmbio.
A ata explicita que a desancoragem das expectativas de inflação, até mesmo para prazos longos, tem sido um tema de risco recorrente no debate do Comitê.
“Esse processo de desancoragem leva a reajustes de preços e salários acima da meta de inflação, requerendo uma política mais contracionista do que alternativamente seria necessária se não houvesse tal desancoragem. O Comitê avalia que tal risco permanece à medida que a desancoragem se torna persistente e altera a magnitude e a frequência de reajustes de preços e salários”, disse a ata divulgada na manhã desta terça-feira.
Em relação ao sobreaquecimento, a preocupação é direcionada aos efeitos sobre a inflação de serviços.
O Copom lembra que, ao longo dos últimos trimestres, e com base no resultado de atividade, foi alterada a avaliação sobre o grau de aquecimento da economia, passando a considerar que o hiato do produto é positivo.
O impacto na taxa de câmbio da condução da política econômica interna e externa também foi ponto de discussão.
“O Comitê acompanhou com atenção os movimentos do câmbio, que tem reagido, notadamente, às notícias fiscais domésticas, às notícias da política econômica norte-americana e ao diferencial de juros. A consecução de determinadas políticas nos Estados Unidos pode pressionar os preços de ativos domésticos. Avaliou-se, então, que seguia válida a visão anterior da possibilidade de uma elevação de inflação a partir de uma taxa de câmbio mais depreciada”, completou a ata.
A conclusão do colegiado é de que, ainda que parte dos riscos já tenha se materializado, o Comitê julgou que eles seguem presentes prospectivamente.