• País está caminhando para reprimarização da pauta de exportação, diz presidente da Abimaq

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  • 01/fev 08:01
    Por Gabriela Jucá / Estadão

    O presidente da Associação Brasileira de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), José Velloso, afirmou na última quarta-feira, 29, que o País está caminhando para a reprimarização da pauta de exportação. Velloso reconhece a robustez da balança comercial brasileira de 2024, que encerrou o ano com superávit de US$ 74,6 bilhões, o segundo maior valor da série histórica, mas chama atenção para o comportamento das exportações da indústria de transformação.

    “Há 10 anos, 64% das exportações eram da indústria de transformação. Hoje, é 52%”, afirma. “Percebemos que há muita exportação de itens com baixíssima transformação, como açúcar, óleos combustíveis e carne bovina. Estamos caminhando para uma reprimarização”, alertou.

    Velloso também chamou atenção para o crescimento de 25,6% das importações de bens de capital em 2024, um resultado positivo. “Na teoria, isso se traduziria em aumento de produtividade no País. No entanto, o investimento no Brasil não cresceu e o consumo aparente de máquinas caiu.”

    O presidente da Associação ainda afirmou que o País não está investindo na indústria como deveria. “O investimento em máquinas é 35% menor do que o que tínhamos há 10 anos”, recordou.

    Guerra comercial entre EUA e China já está trazendo consequências para o Brasil

    O presidente da Abimaq disse que a guerra comercial entre Estados Unidos e China já está trazendo consequências para o Brasil.

    Ele lembrou que o governo americano anterior, sob o comando de Joe Biden, já trabalhava com medidas tarifárias, e a perspectiva é de continuidade do protecionismo na liderança de Donald Trump, principalmente sobre os produtos chineses.

    “Já estamos tendo problemas por aqui, porque aqueles produtos da China que iam para os Estados Unidos ou Europa, já estão procurando novos mercados, e o Brasil é um deles”, afirma. “Isso já tem sido um problema para a indústria nacional, sobretudo a de máquinas e automóveis, que tem maior valor agregado”, acrescentou.

    Velloso disse que, com a continuidade de restrições impostas pelos Estados Unidos, esse efeito deve persistir no Brasil e em outros países, mas descarta uma possibilidade de rompimento bilateral entre o País e os Estados Unidos. “O Brasil não é uma das principais preocupações, tem outras na frente.”

    O presidente da Abimaq ressaltou ainda que os Estados Unidos são o principal destino das exportações de máquinas e equipamentos brasileiros. No ranking de 2024, 26% das exportações foram destinadas para os Estados Unidos, seguida por 9% para a Argentina, 6,2% para Cingapura, e 6% para o México.

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