Palmeiras e Flamengo propõem perdão de dívidas, mas negócios fracassam por Inter cobrar valores
O Palmeiras demonstrou interesse em contratar o atacante Wanderson, do Internacional. O negócio foi uma possibilidade para que o clube gaúcho quitasse parte da dívida com os palmeirenses pela compra de Bruno Tabata. Entretanto, não houve acordo, porque a direção colorada exigiu que, além disso, também fosse pago um valor pela operação. O executivo de futebol colorado, Mario André Mazzuco, garante que a equalização dos débitos está em andamento e critica a “bolha” financeira do mercado da bola brasileiro.
Tabata chegou ao Inter em 2024, ao custo total de US$ 2,2 milhões (R$ 12,1 milhões, na cotação da época). Ainda há parcelas que o clube deve ao Palmeiras. A direção alviverde ainda busca a contratação de um zagueiro, um volante, um centroavante e um ponta, que seria Wanderson. O atacante de 30 anos também foi sondado pelo Vasco.
A situação fiscal do Inter tem sido um desafio para a gestão de Alessandro Barcellos. A própria venda de Wanderson seria também para quitar débitos com o Krasnodar, da Rússia, pelo qual o ponta jogava antes de chegar ao Beira-Rio. Cruzeiro e Flamengo também entram na lista de credores, enquanto o Inter mantém Wesley e Thiago Maia, contratados junto a esses clubes, mas atrasando valores referentes às transferências.
A dívida junto ao Flamengo também levantou a possibilidade de um negócio recentemente. Com baixas na defesa, o clube carioca demonstrou interesse no zagueiro Vitão e ofereceu 7 milhões de euros (cerca de R$ 43 milhões), além do perdão da dívida dos gaúchos pela compra de Thiago Maia. O Internacional precisa desembolsar, ao todo, 4 milhões de euros (cerca de R$ 24 milhões) pelo volante. Entretanto, três parcelas, referentes a 700 mil euros (R$ 4 milhões), já estão atrasadas.
Uma estratégia do Internacional foi negociar o volante com o Santos. A pedida foi por 6,5 milhões de euros (cerca de R$ 40,9 milhões). O montante seria dividido, com 2,5 milhões de euros aos cofres colorados, e os outros 4 milhões de euros para quitar o que é devido ao Flamengo. A negociação, contudo, não foi fechada. A expectativa da direção gaúcha é pagar as parcelas atrasadas em fevereiro.
CRUZEIRO ACIONA CNRD POR NÃO PAGAMENTO DE WESLEY
Já a dívida com o Cruzeiro é pelo atacante Wesley. Em outubro, a diretoria mineira chegou a acionar a Câmara Nacional de Resolução e Disputas (CNRD), da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), para cobrar o pagamento. Dono da SAF do Cruzeiro, Pedro Lourenço afirmou que não foi paga nenhuma prestação pela transferência.
“Nós pagamos as prestações para o Palmeiras o ano todo, e eles (Internacional) não nos pagaram nenhuma prestação. Está na Justiça. Vamos ver lá o que acontece”, relatou ao portal Central da Toca, nesta terça-feira.
A transferência do atacante custou ao Internacional US$ 2 milhões (R$ 10,7 milhões), por 50% dos direitos econômicos do jogador. Os outros 50% pertencem ao Palmeiras.
O atleta quase foi vendido ao Krasnodar, em negócio que envolveria quitar a dívida com o clube russo e repassar metade da quantia ao clube alviverde. Entretanto, a direção colorada desistiu da venda porque, além de perder um titular, pouco do valor total ficaria com o clube, entre amortização de débitos (com Cruzeiro e Krasnodar) e o porcentual palmeirense.
O Internacional trabalha com equalização da dívida, garantiu o executivo de futebol Mario André Mazzuco, em entrevista à imprensa antes da partida desta terça-feira, contra o São José, pelo Campeonato Gaúcho. Ele também comentou sobre os casos em que há negociações para amortizar débitos com outros clubes.
“O modelo de operação pode ser variado, desde que traga benefícios ao clube e atenda às nossas necessidades. Primeiro que o futebol brasileiro é uma bolha que está para estourar. Eu garanto que a maioria dos clubes tem dívidas com alguém. Nós temos um plano estratégico de equalização”, disse. “Não é uma coisa da noite para o dia. Isso está sendo feito pelo departamento financeiro e pela gestão executiva do clube. Assim como o Inter é credor de muitos clubes. Temos dinheiro para receber. Talvez o cálculo esteja positivo para nós. Não é o que queremos, ou o que os clubes esperam, porque não é uma situação normal. Mas hoje os clubes têm dívidas com todos. Temos equalizado. E o modelo de operação vai depender do benefício que traga para o Internacional, sempre”, explicou.
Apesar de o Palmeiras dificilmente recuar e decidir gastar por Wanderson, o dirigente colorado não fechou as portas para que o jogador deixe o Beira-Rio. “Temos uma relação muito boa com eles (Palmeiras). Tenho uma amizade particular com o Anderson Barros. Estamos sempre trocando ideia, é um clube muito respeitoso. Qualquer ponto que falhe neste processo não é uma maneira correta. Podem surgir oportunidades de mercado. Cabe ao Inter entender se vale a pena ou não”, avaliou
No fim de 2024, conselheiros colorados negaram a proposta da gestão de Alessandro Barcellos para um projeto de debêntures, que visava arrecadar R$ 200 milhões para pagar dívidas. A ideia é semelhante ao que o São Paulo fez com um fundo de investimento. Um dos argumentos para a reprovação era de que as garantias aos credores envolveriam o Estádio Beira-Rio. O clube teria cinco anos para pagar este valor, com juros mais baixos do que o débito original.
“É necessário enfrentarmos isso de outra forma. O remédio é mais amargo. Eu não tenho dúvida que o remédio é mais amargo porque não existe mágica no futebol. As medidas serão tomadas, nós vamos trabalhar. O Plano B é buscar a redução, sim, de custos. É a venda de atletas necessária para que o clube sobreviva, para que a gente possa pagar as contas que não foram pagas ao longo do ano, muitas delas por conta das enchentes. Foram mais de R$ 90 milhões gastos ou não arrecadados. Isso nos leva, infelizmente, a tomarmos essas outras alternativas até que gente possa buscar uma solução mais definitiva”, comentou Barcellos após a reprovação.
Até o momento, nesta janela, o clube acertou uma venda. O garoto Gabriel Carvalho, de 17 anos, foi negociado com o Al-Qadisiyah, da Arábia Saudita, o que rendeu US$ 16 milhões (cerca de R$ 94,2 milhões na última cotação) fixos mais US$ 6 milhões (R$ 35,3 milhões) em bônus para metas. O meia fica em Porto Alegre até a metade do ano.
Outro negócio está em vias de ser fechado. O volante Rômulo deve ir ao Tigres, do México, por 5 milhões de dólares (R$ 29,4 milhões), mais US$ 500 mil de bônus (R$ 2,94 milhões) por metas. O Internacional o liberou para que fizesse exames médicos junto à equipe mexicana.