O Caminho da Resiliência
A importância da dragagem e limpeza dos corpos hídricos
Diariamente observamos que os desastres naturais passaram a fazer parte das discussões e rodas de conversa nas cidades. Cada vez mais, vemos as pessoas comentando sobre eventos extremos ao redor do mundo, e percebemos que é necessário implementar ações de prevenção, preparação e mitigação. Já comentamos aqui, inclusive, que os custos dessas ações são significativamente menores do que o montante de recursos gastos na resposta e reconstrução de uma cidade afetada por um desastre.
Neste contexto, um dos assuntos que se destacam, mas que muitas pessoas ainda não compreendem a real importância, é a questão do desassoreamento dos rios, através da dragagem e limpeza dos corpos hídricos. Frequentemente, não percebemos a importância desse trabalho, que muitas vezes não recebe a atenção necessária no período que antecede os ciclos de chuvas intensas. No Brasil, devido principalmente à sua posição geográfica, essas chuvas ocorrem entre dezembro e março, com uma notável alteração nesse período, em função das mudanças climáticas, da intensificação dos fenômenos e da redução do tempo de recorrência.
O carreamento de sedimentos para os rios é um processo natural, que ocorre principalmente devido ao transporte de sedimentos das encostas para os rios. Esse processo é agravado pelos movimentos de massa e eventos adversos. Isso ocorre há milhares de anos e pode ser considerado um movimento contínuo. No entanto, nas cidades, se esse carreamento não for observado e tratado, pode causar diversas áreas de alagamento, ocasionando inúmeros prejuízos e danos.
Portanto, se o processo de assoreamento não for mitigado com ações estruturais de limpeza dos corpos hídricos e uma dragagem eficiente e periódica, ele tende, ao longo dos anos, a causar sérios impactos para as comunidades. Não adianta realizar um grande trabalho de limpeza dos rios e dragagem em um ano e passar dois ou três anos sem fazê-lo. Esse processo dinâmico e periódico é um elemento importante que deve ser previsto e incluído no orçamento dos gestores locais, visando minimizar os impactos das inundações locais.
Muitos gestores não se programam para desenvolver esse projeto antes do período chuvoso, o que ocasiona diversos impactos na localidade, trazendo prejuízos financeiros e, infelizmente, muitas vezes mortes. É imperioso, portanto, tratar o tema com a importância necessária, bem como realizar um estudo eficiente da vazão dos rios e das manchas de inundação, que frequentemente ocorrem nos territórios e não são fatores desconhecidos.
O crescimento desordenado e a ocupação irregular na margem dos rios também contribuem para a ampliação desse processo, afetando diretamente a população local e a população das áreas montantes. A redução da seção do rio interfere na velocidade de escoamento, causando outros danos posteriores. Essa visão faz parte do planejamento de defesa civil dos gestores e deve estar no radar para o entendimento do risco de desastres nas localidades. Assim, tratar o tema da defesa civil, especialmente as ações de prevenção, surge como um expoente na tentativa da redução de riscos no Brasil e no mundo.
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