• País gastou R$ 5,7 milhões com internações por ansiedade em 3 anos

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  • 20/jan 09:00
    Por Layla Shasta/Estadão I Foto: Pixabay

    As internações por transtorno de ansiedade generalizada (TAG) custaram R$ 5,7 milhões aos hospitais públicos e privados do Brasil nos últimos três anos, segundo dados da Planisa, empresa de gestão de gastos hospitalares.

    O levantamento, realizado em conjunto com a plataforma DRG Brasil, analisou dados de mais de 440 hospitais públicos e privados do país, entre 2022 e novembro de 2024. Nesse período, foram registradas 2.202 internações por TAG.

    Já o cálculo de custos foi feito com base no valor médio de uma diária de internação nos hospitais consultados (cerca de R$ 964). O valor considera o uso do leito, material e medicamentos consumidos e os honorários médicos.

    Ainda segundo o estudo, a taxa de internações aumentou cerca de um ponto desde o período inicial de análise. Em 2022, a média era de 3,4 internações por TAG para cada 100 mil habitantes, enquanto em 2024 a estimativa era de 4,6.

    Para João Pedro Wanderley, psiquiatra do Hospital Alemão Oswaldo Cruz, em termos relativos, esse é um número elevado, mas ele pode ser ainda maior considerando a subnotificação e as limitações no acesso a tratamentos especializados em saúde mental.

    O médico explica que o TAG costuma estar ligado a condições como distúrbios gastrointestinais, respiratórios, endócrino-metabólicos, entre outros. Dessa forma, é possível que muitas internações por quadros como esses sejam também ligadas à ansiedade. “Ou seja, no ambiente hospitalar geral, o transtorno de ansiedade é quase uma constante.”

    LEITOS PSIQUIÁTRICOS

    Além disso, muitos pacientes são internados em unidades gerais e não em leitos psiquiátricos, que têm custos ainda maiores. “O aumento nas internações por TAG aponta para a crescente pressão sobre o sistema de saúde, que está longe de ser capaz de atender à demanda crescente de cuidados psiquiátricos”, avalia.

    Já para Fabio Molina, psiquiatra do Hospital Regional de Presidente Prudente e da Saúde Digital, do Grupo Fleury, o valor apontado pelo estudo é um custo relativamente baixo quando comparado com a realidade do transtorno. Para ele, é preciso lembrar que o quadro pode fazer com que o paciente não consiga desempenhar suas atividades no trabalho, por exemplo, gerando perdas econômicas. Segundo Molina, um paciente que sofre de TAG sem outra doença psiquiátrica associada raramente é internado. Porém, o transtorno frequentemente é acompanhado por outras comorbidades. “A internação é reservada para casos graves, quando há risco para a vida do paciente, pensamentos de morte ou tentativa de suicídio, além de agressividade ou falha do tratamento ambulatorial”, diz.

    “Muitos pacientes com TAG também apresentam distúrbios gastrointestinais, como síndrome do intestino irritável, e isso pode exacerbar o estado ansioso”, diz Wanderley. Além disso, o paciente recebe tratamento com ansiolíticos e antidepressivos, e apoio psicoterapêutico. “O ambiente hospitalar precisa ser acolhedor e propício à redução do estresse, já que a própria internação pode agravar o quadro ansioso”, complementa.

    Saiba mais

    Quais são os sintomas da ansiedade?

    Os sintomas da ansiedade se manifestam de forma tanto física quanto psíquica. No aspecto psicológico, é comum observar preocupações excessivas, especialmente em relação ao futuro, gerando uma expectativa elevada e uma apreensão constante sobre eventos que estão por vir.

    A dificuldade de concentração e a sensação de inquietude também são sintomas frequentes, acompanhados muitas vezes de irritabilidade. Além disso, há uma tendência a apresentar distúrbios do sono, já que os pensamentos constantes impedem o descanso pleno. Os sintomas físicos, por sua vez, abrangem fadiga persistente, sensação de sufocamento, dor torácica, náusea, tontura, tensão muscular, tremores e sensação de peso no corpo. Há ainda os quadros fóbicos, caracterizados por medos irracionais frente a determinadas situações, objetos ou eventos.

    Como diferenciar a ansiedade de um enfarte?

    Diferenciar uma crise de ansiedade de um enfarte pode ser uma tarefa difícil, pois os sintomas quase sempre são semelhantes. Ambas as situações podem provocar dor no peito, formigamento, falta de ar e mal-estar. É importante, em qualquer caso, buscar ajuda médica. O recado é especialmente válido para quem não está vivendo uma situação complexa nem consegue identificar um episódio de estresse ou desconforto que possam ter motivado o quadro.

    Quais são as causas da ansiedade?

    As crises de ansiedade são multifatoriais, o que significa que não é possível identificar uma única causa para o problema. A predisposição genética desempenha um papel significativo. Então, indivíduos que possuem histórico familiar de transtornos ou sintomas ansiosos apresentam maior propensão a desenvolver quadros ansiosos. Além disso, eventos traumáticos ou situações complexas na vida podem desencadear os episódios.

    O que fazer durante uma crise?

    O primeiro passo é se afastar da situação que desencadeou o problema, seja uma discussão, dificuldades no trabalho ou conflitos familiares – ou dar essa orientação à pessoa que está enfrentando a crise. É recomendada a prática de exercícios respiratórios e meditação para acalmar a mente e o corpo. Se essas técnicas não surtirem efeito, é importante buscar ajuda médica para avaliação e possível medicação, a fim de compreender melhor a situação e obter o suporte necessário.

    As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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