• Esporotricose será tema de encontro nesta terça-feira no Centro

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  • 30/09/2019 12:38

    Até a década de 1990 a esporotricose não era considerada uma epidemia no Brasil. Dados da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro mostram, no entanto, que há uma expansão da doença, com uma estimativa de 389 novos casos de esporotricose em humanos por ano, totalizando cerca de 5 mil registros – sendo um número incontável em felinos. Com o objetivo de orientar e esclarecer a população sobre os sintomas da doença tanto em gatos como em humanos, a médica veterinária Priscila Mesiano, a coordenadora de Vigilância Ambiental da Prefeitura, Maria Beatriz Pellegrini e a dermatologista Ana Paula Bonvini estarão em um encontro sobre o tema, na Casa de Cláudio de Souza, ma Praça da Liberdade, nesta próxima terça-feira (1°), às 20h. A entrada é franca.

    “É importante falar sobre tratamento, causas, transmissão e padrões de lesão. Esta é uma zoonose e medidas preventivas precisam ser tomadas para tentar diminuir os casos de esporotricose dentro da nossa cidade, tentando evitar a disseminação da doença não só em gatos, mas em animais no geral e também em seres humanos porque a doença vem crescendo no Estado e em Petrópolis”, afirma a médica veterinária, Priscila Mesiano, membro da International Society of Feline Medicine e da American Association of Feline Practioners.

    Em Petrópolis, não há dados concretos sobre a doença, sem notificações de casos em humanos, inclusive. O objetivo é que a partir do encontro seja feito um levantamento e, principalmente, ações para tentar reduzir o número de animais com esporotricose na cidade por meio da prevenção da patologia. A coordenadora de Vigilância Ambiental Maria Beatriz Pellegrini pretende esclarecer algumas divergências quanto aos dados obtidos sobre a doença em Petrópolis.

    “No ano passado foi feito um levantamento junto às clínicas e obtivemos apenas 33 notificações. Considerando que nossa população é de mais de 6.000 gatos, a proporção é muito baixa. Este índice não favorece a tentativa de um projeto de combate à doença. É claro que há subnotificação, mas a situação real não é conhecida. Se conseguirmos um levantamento com números precisos, poderemos começar a lutar por recursos”, avalia a coordenadora.

    A coordenadora também ressalta sobre o aspecto negativo da popularização e acessibilidade ao tratamento, que pode ser feito sob diagnóstico errado. “Já atendemos casos de tumores e alergia à pulgas, com lesões que foram confundidas por protetores ou proprietários e foram tratadas como esporotricose. Um animal doente sem o diagnóstico correto está correndo risco de morte. A dose errada pode causar interrupção do tratamento fora de hora e provocar resistência do fungo aos medicamentos. Também solicitamos que os protetores levem veterinários às colônias de gatos (gatos selvagens que ficam em lugares de mato ou algum local abandonado) para que os animais possam ser diagnosticados e notificados corretamente”, orienta.

    Além de castrar seus animais, principalmente machos, mas também fêmeas e evitar que os gatos tenham acesso à rua, a população também pode ajudar não tendo medo da notificação realizada aos departamentos de Vigilância em Saúde, sendo os casos sobre animais para Vigilância Ambiental e humanos para Epidemiologia, pois isto é fundamental para o mapeamento da doença. Apenas o médico veterinário pode fazer a notificação sobre animais. Ao levar o animal ao veterinário, lembre o profissional sobre a notificação do caso.

    A esporotricose ocorre quando um fungo subcutâneo é transmitido pela arranhadura ou mordedura de animais doentes, o que propicia o aparecimento de feridas e nódulos pelo corpo. Como é um fungo ambiental também é possível se contaminar por meio de arranhadura por galhos, arames e espinhos contaminados. É fundamental que o dono sempre avalie a pele e o pelo do bichinho para, ao sinal de qualquer suspeita, levá-lo ao médico veterinário, a fim de que seja realizada biópsia e outros exames para o devido diagnóstico. Quanto mais cedo for a ação, mais fácil, barato e rápido é o tratamento.

    Segundo Priscila, é possível evitar a doença por meio da castração. “A esterilização diminui o instinto do animal em circular pelas redondezas e entrar em atrito com outros animais, mantendo-o mais junto aos donos, sendo que é importante lembrar também que animais com acesso à rua ou quintais, principalmente com lixo ou excesso de matéria orgânica em decomposição, estão mais propensos”, ressalta.

    Diferente do que se pensa, a esporotricose tem cura e hoje são raros os casos em que é indicada a eutanásia do animal. O tratamento é realizado por meio de antifúngicos orais específicos, únicos ou associados e requer persistência. Dependendo do número, tamanho e profundidade das lesões, o animal pode estar curado em alguns meses.

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