Prefeitura de Petrópolis vai ajudar na negociação de débitos dos superendividados
Resistir àquela blusa que está em promoção, fechar os olhos ao passar por uma vitrine para não se encantar com um sapato ou atravessar a rua para não cair na tentação de fazer mais uma compra são tarefas complicadas e nada fáceis para algumas pessoas. Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) mostra que apenas 28% dos consumidores brasileiros é “consciente” e um outro levantamento revela que boa parte do endividamento nos lares se dá pela falta de planejamento na hora de gastar o orçamento doméstico.
Outro estudo que mostra que o brasileiro é um “povo endividado” é do Boa Vista Serviços. De acordo com a empresa de serviço de proteção ao crédito, mais de 73% da população está com mais de 50% da sua renda comprometida com dívidas. O estudante de jornalismo, de 27 anos, sabe bem o que é ser um superendividado. Durante um ano – entre 2015 e 2016 – ele comprometeu toda a renda com dívidas. “Na época, costumava comprar sem pensar, utilizando todo o meu ganho mensal mais o limite dos cartões de créditos. Esse consumismo gerou dívidas altíssimas. Acabei perdendo meu emprego e até o carro”, contou o estudante.
Ele conta que com a ajuda da família conseguiu mudar os hábitos e hoje se considera um consumidor “consciente”. “Cheguei à conclusão que o consumismo obsessivo que eu possuía não era normal. Para se ter uma ideia, tenho roupas e sapatos até hoje que nunca utilizei e ainda estão etiquetados. Diante disso e com apoio familiar, busquei ajuda psicológica e depois de um certo período comecei a reorganizar minha vida financeira e a enxergar de outra forma as minhas reais necessidades e condições. Hoje, penso duas vezes antes de sair comprando. Não comprometo mais do que 30% da minha renda atual”, disse o estudante.
Pensando em ajudar os superendividados a mudarem de vida e votarem a ter poder de compra, a Prefeitura criou o Núcleo de Apoio ao Superendividado (NAS). O programa, primeiro a ser instalado em uma cidade do Estado do Rio de Janeiro, começou a funcionar na segunda-feira dentro da sede do Procon.
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“Esse é mais um programa desenvolvido para ajudar o cidadão petropolitano a ter a sua vida financeira saudável. Vamos fazer essa ponte entre o consumidor e os credores, colocando todos juntos para que negociem de uma forma amigável e que não comprometa toda a renda da pessoa. A intenção é ajudar, orientar e auxiliar esse consumidor”, explicou o coordenador do Procon, Bernardo Sabrá.
Para participar do programa, o consumidor passa por uma entrevista prévia, preenche um questionário e anexa documentos comprobatórios das informações prestadas. A equipe do NAS avalia essas informações e se a pessoa for considerada superendividada será cadastrada no programa. A partir daí os credores serão convocados para as rodadas de renegociação das dívidas.
Serão considerados aptos para o programa pessoas físicas, maiores de idade e capaz, com renda familiar e que tenha débitos por má administração do orçamento doméstico ou acidentes da vida, como morte, doença, desemprego, divórcio e similares, e ainda, sem capacidade econômica para pagar o valor de suas dívidas. São consideradas superendividados pessoas que estão com mais de 50% da renda comprometidas com débitos.
A avaliação será feita por meio de faturas e/ou boletos vencidos ou a vencer decorrentes de empréstimos, financiamentos, contratos de crédito ao consumo, contratos de prestação de serviços e aquisição de produtos. Dívidas alimentícias, fiscais, de crédito habitacional e os débitos contraídos por atividades profissionais e indenizações não serão analisadas e não entram como elegíveis para participarem do programa.