• Bolsas da Europa fecham em fortes baixas, seguindo sinalizações de menor relaxamento do Fed

  • 19/dez 14:11
    Por Matheus Andrade, especial para a AE / Estadão

    As bolsas da Europa tiveram em sua maioria fortes recuos na sessão desta quinta-feira, 19, caindo mais de 1%, seguindo a decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na quarta-feira. O avanço nas expectativas de inflação e o sinal de uma trajetória com menos cortes de juros no próximo ano pesou nos ativos de risco ao redor do mundo.

    Além disso, o dia contou com a decisão do Banco da Inglaterra (BoE, na sigla em inglês), que optou por uma manutenção dos juros.

    O índice pan-europeu Stoxx 600 fechou em baixa de 1,52%, a 506,63 pontos.

    Na quarta, já após o fechamento dos negócios europeus, o Fed cortou juros em 25 pontos-base, mas espalhou aversão ao risco em todo o mundo ao sinalizar uma trajetória mais conservadora para o relaxamento monetário, com apenas duas reduções da taxa básica projetadas para 2025. O cenário empurra os retornos longos dos Treasuries aos níveis mais altos desde maio e ecoa também entre os rendimentos europeus, o que amplifica a pressão sobre os negócios acionários.

    “O Fed pode ter estragado o rali do Papai Noel”, avisa a analista Ipek Ozkardeskaya, do Swissquote Bank, em referência ao fenômeno que historicamente costuma levar ganhos às bolsas na época do Natal.

    O BoE promoveu uma “manutenção dovish” nos juros, na visão da Capital Economics. Para a consultoria, a decisão reforça a visão de que a autoridade monetária cortará juros em ritmo mais forte que o esperado pelo mercado ao longo de 2025.

    A instituição cita o fato de três dirigentes do BoE terem votado por um corte, enquanto analistas esperavam apenas uma dissidência. Ao mesmo tempo, o BC britânico parece estar mais preocupado com o enfraquecimento da economia, após cortar a previsão para o PIB no quarto trimestre, de acordo com a análise. Em Londres, o FTSE 100 caiu 1,14%, a 8.105,32 pontos.

    Enquanto isso, observando especialmente os últimos desdobramentos na Alemanha e na França, o Julius Baer aponta que a zona euro continua enfrentando ventos contrários decorrentes da instabilidade política e de uma confiança comparativamente fraca dos consumidores, que o Banco Central Europeu (BCE) está tentando contrabalançar com taxas de juros mais baixas. Em Frankfurt, o DAX caiu 1,20%, a 19.999,47 pontos. Em Paris, o CAC 40 recuou 1,22%, a 7.294,37 pontos. Em Milão, o FTSE MIB teve queda de 1,78%, a 33.787,00 pontos. Em Madri, o Ibex35 cedeu 1,49%, a 11.445,00 pontos.

    A menor queda foi em Lisboa, onde o PSI 20 caiu 0,05%, a 6.291,11 pontos, com a alta de 10,59% do Correios de Portugal, que fechou uma parceria estratégica com a alemã DHL para criar uma joint venture para unir esforços no comércio eletrônico em Portugal e na Espanha. A parceria pretende abordar as oportunidades de crescimento nos mercados de e-commerce e distribuição de encomendas.

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