• O Caminho da Resiliência

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  • 18/12/2024 08:00
    Por Gil Kempers

    Comunidades resilientes e sustentáveis

    Já abordamos aqui algumas vezes o entendimento de que a tendência é o aumento dos eventos extremos e desastres complexos, principalmente por conta do agravamento das mudanças climáticas, causando uma redução no tempo de recorrência entre os desastres e a intensificação dos fenômenos naturais. O aquecimento global e a emissão de gases que contribuem para o aumento do efeito estufa estão entre elementos que contribuem para esse quadro.

    Os gases que contribuem para o efeito estufa retêm parte do calor do Sol na atmosfera, contribuindo para o aquecimento global, funcionando como uma espécie de “cobertor” que envolve parte da Terra, permitindo a entrada da luz e energia solar, mas dificultando a dissipação do calor.

    Gases como o dióxido de carbono, metano, óxido nitroso e outros são essenciais neste processo. O aumento da concentração desses gases na atmosfera, causados principalmente pela atividade humana, intensifica o efeito estufa, podendo levar ao aumento anômalo do aquecimento global. Assim, podemos considerar que esse fenômeno acarreta diversas consequências danosas ao meio ambiente, principalmente o aumento da temperatura média do planeta e a alteração no padrão de chuvas.

    Essas consequências já estão sendo sentidas ao redor do mundo e podemos destacar três eventos extremos aqui no Brasil nos últimos anos. A chuva ocorrida em 2022 em Petrópolis, com registro de 550mm em 24h, São Sebastião e Bertioga em SP, com 683mm em 24h e no Rio Grande do Sul, na Bacia do Guaíba, foram registrados mais de 500mm em 5 dias. Olhando esse novo padrão de chuvas intensas, típicos da região tropical que nosso país, corroborado ainda pelos fenômenos meteorológicos conhecido como zonas de convergência do Atlântico Sul (zcas), apontam que essa nova realidade na intensidade das chuvas pode ocasionar eventos extremos e desastres complexos, tendendo assim a ser uma realidade cada vez mais comum em nosso país.

    Diante deste cenário nebuloso e incerto, as dúvidas e medos das pessoas que habitam os territórios mais vulneráveis, se tornam cada vez mais latentes. Nesta linha, é possível construir um caminho de resiliência e sustentabilidade nas comunidade de forma a também tratar do tema redução de risco de desastres.

    O desenvolvimento de programas que estimulem o replantio em margens de rio e recomposição da mata ciliar, o monitoramento e o esclarecimento de não se construir em áreas de risco geológico elevado, o desenvolvimento de coleta seletiva, o despejo correto do lixo em locais apropriados e em caçambas, e até iniciativas simples como deixar as sacolas de lixo presas em ganchos a uma determinada altura, para evitar que as sacolas sejam carreadas pelas chuvas nas ruas e que acabem entupindo as galerias pluviais e tenham destino dos rios e córregos locais. São diversas ações que uma comunidade integrada e resiliente é capaz de produzir, como uma potência em resiliência que só pode desencadear uma melhoria na qualidade de vida das pessoas e consequente redução de risco local.

    Fato real, que a agenda das mudanças climáticas e da redução de risco ganham cada vez mais espaço na governança mundial e nacional, devendo ser cada dia mais presente no cotidiano. Assim, todos os moradores, nas rodas de conversa, nos grupos de aplicativo, devem estimular a discussão da proteção comunitária e o fortalecimento dos núcleos de proteção e defesa civil como uma importante ferramenta de redução de risco e ação não estrutural para mitigar as vulnerabilidades locais.

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