Mestre e aluno
Convivi com ambos, mestre e aluno.
O segundo assegura-me que, de fato, foi aluno.
Eu, de minha parte, por conhecer o trabalho literário daquele que se diz ter sido aluno acabei, num primeiro momento, por me deixar quedar em dúvida.
O primeiro, julgado como sendo mestre, conheci-o mais profundamente, todavia, em razão das belas produções poéticas do segundo, continuo em dúvida, realmente, com vistas a ser esclarecido, afinal, quem foi o mestre e quem foi o aluno.
Aquele que me assegura ter sido aluno escreveu as belíssimas trovas:
“Nos instantes nebulosos / que ocorrem com todos nós, / os erros são proveitosos, / se nos educam após”. / “Há chancela do Criador / para o que busca esperança / no perfume de uma flor, / no sorrir de uma criança”.
“Dando vida a personagens, / em sua imaginação, / o escritor, em mensagens, / põe sangue na produção”.
Em razão da beleza e do profundo contexto que envolvem as trovas supra, admito que o aluno, por gesto de modéstia, se negue a admitir ter sido o mestre.
Já aquele que o aluno sustenta, com tanta veemência, que haja sido o seu “professor de trovas” escreveu:
“Se pra ferir-nos, alguém / o nosso filho ofendeu, / não se lembrou, se esqueceu /de que tem filho também”.
“No dia em que tu partiste / sem que eu soubesse a razão, / não chorei, nem fiquei triste… / mas chorou meu coração”.
Mestre e aluno, realmente, se confundem, ambos dotados de fina inspiração, essência da boa leitura. São pessoas prendadas, da mais alta categoria, dentro do mundo das letras, até porque resumir em quatro versos elevados sentimentos não é proposta fácil de ser concretizada.
O que se diz aluno é modesto em alegar tal condição. Já o ouvi, por vezes, recitar poemas e trovas sem titubear em uma só palavra. A memória é dom que Deus lhe concedeu, juntamente à inspiração e a bondade que reinam em seu coração, eis que se trata de verdadeiro ser humano que merece servir de espelho àqueles que com ele convivem.
Diante de tudo isso não titubeei, então, ao discordar de tantos argumentos que me foram apresentados por parte daquele que se diz ter sido aluno, até porque é professor, é mestre e seu nome é, Roberto Francisco.