Dólar sobe de olho em Trump, Focus e cenário fiscal
O dólar segue acima de R$ 6,00 na manhã desta segunda-feira, 2, e registrou máxima intradia a R$ 6,0374 (+0,60%) no mercado à vista há pouco, acompanhando a valorização dos rendimentos dos Treasuries e da divisa americana frente a pares rivais e moedas emergentes ligadas a commodities. Os investidores globais e aqui reagem à ameaça do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, de impor tarifa de 100% aos Brics caso tentem substituir o dólar como moeda de troca em suas transações comerciais.
Altas de mais de 1% do petróleo e do minério de ferro na China ajudam a aliviar a pressão de baixa sobre o real. Inclusive, podem ter favorecido a queda pontual do dólar na abertura, após o PMI industrial da China avançar acima das expectativas do mercado em novembro.
O boletim Focus adiciona cautela, ao trazer mais piora nas expectativas de inflação de 2024 a 2026; previsão de Selic mais alta em 2025 e 2026; aumento de estimativa para dólar em 2025 e 2026; e elevação no déficit em conta corrente do Brasil em 2024 e 2025.
A percepção de que o Banco Central terá de acelerar o ritmo do aperto monetário se fortaleceu na semana passada, após a frustração do mercado com o pacote de ajuste fiscal apresentado pelo governo. Economistas que se reuniram com diretores da autoridade monetária na última sexta-feira, 29, falaram na necessidade de um aperto de ao menos 0,75 ponto.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse na sexta-feira que a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5 mil é um compromisso de campanha de Lula e reafirmou que a proposta só será discutida em 2025. A proposta de ampliação da isenção do IR representa um impacto de R$ 35 bilhões, que será compensado, em parte, pela taxação de rendas superiores a R$ 50 mil por mês.
O Banco Central (BC) informou também na sexta-feira que Nilton David, chefe de Operações da Tesouraria do Bradesco, foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para ocupar a vaga de Galípolo a partir de 2025, o que foi bem recebido no mercado. A mensagem será encaminhada ao Senado nesta semana. Também foram escolhidos Gilneu Vivan, para a Diretoria de Regulação, em substituição a Otávio Damaso, e Izabela Correa para a Diretoria de Relacionamento, Cidadania e Supervisão de Conduta, hoje ocupada por Carolina Barros.
O Índice de Preços ao Consumidor Semanal (IPC-S) recuou 0,13% no encerramento de novembro, após alta de 0,04% na terceira quadrissemana e de 0,30% em outubro. As informações foram divulgadas pela Fundação Getulio Vargas (FGV). Com o resultado, o índice acumula alta de 3,98% em 12 meses.
No sábado, foi publicada em edição extra do Diário Oficial da União (DOU) o decreto presidencial com a programação orçamentária após a publicação dos relatórios de avaliação de receitas e despesas e o detalhamento do bloqueio de R$ 17,6 bilhões por órgão.
Às 9h43, o dólar à vista subia 0,40%, a R$ 6,0255. O dólar para janeiro de 2025 ganhava 0,72%, a R$ 6,0440.
O índice DXY do dólar ante seis divisas principais subia 0,53%, a 106,30 pontos. O dólar ganhava também ante peso mexicano (+0,71%), rand sul africano (+0,60), yuan chinês (+0,42%) e peso chileno (+0,35%).