Crescimento de acidentes com saguis no município preocupa epidemiologia
Fazer um passeio no Parque Natural Municipal Padre Quinha, na Avenida Ipiranga, tem sido um desafio para visitantes. Nesta semana, a equipe da Tribuna esteve no parque e presenciou o momento em que um bando de cerca de dez Saguis invadiu um piquenique. O aumento de animais silvestres em áreas urbanizadas tem trazido consequências sérias para o meio ambiente e para a população que frequenta estes espaços. Somente neste ano, a Coordenadoria de Vigilância Epidemiológica registrou 33 casos de acidentes com saguis na cidade, este número é o triplo de ocorrências registradas em 2018.
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Segundo a Coordenadoria, estes casos ocorreram principalmente em ocasiões de interação entre humanos e estes animais, e por isso, todo o contato físico deve ser evitado. Em 2018, neste mesmo período, foram registradas apenas seis ocorrências, e em todos os doze meses, foram 10 casos. Neste ano, a maior parte dos acidentes foram no Parque Natural.
O médico veterinário Felipe Facklan, explica que o número crescente da presença destes animais em áreas urbanas se dá principalmente pela facilidade em encontrar alimentos. Prática que muitas pessoas consideram inocente, mas que tem colocado em risco a vida destes animais e das próprias pessoas. “Todo animal selvagem precisa encontrar seu alimento naturalmente na natureza. Nós não devemos influenciar com a nossa alimentação. Além dos alimentos serem impróprios, existem alimentos industrializados, alimentos com corantes, conservantes, muito açúcar. Existem alimentos que mesmo sendo naturais, uma fruta ou um legume, que não é próprio para cada espécie de animal”.
A consequência dessa interação é danosa. O veterinário conta que entre os animais selvagens que atende, muitos tem problemas de cárie dentária. “Saguis, principalmente, as pessoas dão muitos biscoitos, muito alimento com açúcar. Os animais ficam diabéticos, com pancreatite, entre outros”. Além da transmissão de doenças. “A pessoa que tem herpes e está comendo uma banana. Quando a oferece para o animal, o esta contaminando com a saliva, que pode conter o vírus da herpes.
E pode acontecer o contrário. O sagui ter alguma doença e morder a pessoa, arranhando, urinando, defecando em cima e a pessoa pegar alguma doença”, explica.
No Parque Natural a situação está crítica. Local comum onde são feitos piqueniques, tem afastado visitantes por conta do aumento dos Saguis. Na última segunda-feira, durante a visita da equipe da Tribuna na área de piquenique do parque, um bando de Saguis invadiu um piquenique, sem conseguir pegar os alimentos, os animais começaram a tentar revirar a bolsa de uma jovem que estava sobre um banco. O especialista alerta que estes animais não são violentos, e que a razão para se aproximarem cada vez mais dos humanos, é a procura por alimento. E por isso, é importante não alimentá-los, para que eles retornem ao seu habitat.
Na cidade, além do parque estes animais também podem ser vistos nos jardins do Museu Imperial, no Terminal Rodoviário de Correas, Independência, Quitandinha e Castelânea.
“Alimentar animais silvestres muda a dinâmica populacional deles. Eles vem da mata para as áreas urbanizadas, que é onde eles conseguem encontrar alimentos mais facilmente. O deslocamento das espécies para áreas urbanas atrai os predadores dessas espécies também. Acaba funcionando como se fosse um imã. Isso acontece com os saguis ou coatis também”, o que causa um desequilíbrio ambiental e ecológico, explica o veterinário.
Felipe disse que junto com o Programa de Conservação dos Saguis-da-serra (PCSS), está sendo elaborado um material de educação ambiental para distribuição nos parques da cidade informando a população sobre os riscos de alimentar animais silvestres, assim como para evitar o contato físico.
A Secretaria de Saúde orienta que, em caso de acidente com os saguis, a população de dirija à UPA Centro, onde está instalado o Polo de Atendimento Antirrábico, para que seja feita a avaliação médica e sejam tomadas as providências necessárias para o cuidado. Nos casos em que for identificada a necessidade, o paciente será tratado com a vacina e soro antirrábicos.