• Dólar sobe com ajustes antes de feriado e tensão geopolítica

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  • 19/nov 18:28
    Por Antonio Perez / Estadão

    O dólar à vista encerrou a sessão desta terça-feira, 19, em alta moderada, refletindo correção parcial após a queda de ontem e uma postura mais defensiva dos investidores na véspera do feriado do Dia da Consciência Negra, quando não haverá negócios no mercado local.

    A busca pela moeda americana, sobretudo pela manhã, teria sido impulsionada em parte pelo aumento das tensões geopolíticas, com o agravamento do conflito entre Ucrânia e Rússia, que ameaça responder a ataques aéreos com armas nucleares. Moedas vistas como abrigo em momentos de aversão ao risco, como o franco suíço e o iene, operaram a maior parte do pregão com sinal positivo.

    Por aqui, as expectativas se voltam para a divulgação do pacote de corte de gastos do governo Lula. Há possibilidade de que o anúncio do plano possa ficar para a semana que vem, apurou a reportagem do Broadcast, que acompanha a cúpula do G20, no Rio de Janeiro.

    A operação da Polícia Federal que prendeu militares suspeitos de tramar um atentado contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o vice Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), foi monitorada, mas não teve impacto relevante nos negócios.

    Com máxima a R$ 5,7979 pela manhã, o dólar fechou em alta de 0,34%, cotado a R$ 5,7672. Apesar do avanço de hoje, a moeda ainda acumula queda em novembro (-0,24%). No ano, o dólar sobe 18,83% em relação ao real, que tem, ao lado do peso mexicano, o pior desempenho entre as divisas emergentes e de países exportadores de commodities mais relevantes.

    “O dólar está pressionado na véspera do feriado, quando é comum o investidor buscar proteção. Temos um pouco de aversão ao risco no exterior e ainda as dúvidas sobre o tamanho do pacote fiscal. Estão falando em R$ 70 bilhões em dois anos, mas ainda é só especulação”, afirma o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo.

    Esperava-se inicialmente que o pacote fosse anunciado após o desfecho das eleições municipais. Depois uma série de reuniões no Palácio do Planalto, das quais emergiram relatos de confronto entre ministros da área social e a equipe econômica, a divulgação foi postergada diversas vezes. No domingo, 17, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o pacote “está fechado” e que o anúncio correrá “brevemente”.

    Embora haja perspectiva de divulgação ainda nesta semana, surgiram rumores de que o anúncio pode ficar para a semana que vem. Faltariam ainda acertos com Lula e ajustes para inclusão do Ministério da Defesa no pacote.

    Para o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Nicolas Borsoi, há pouca disposição neste momento para formação de posições mais firmes, o que se reflete na baixa liquidez. “Temos a entrega do pacote fiscal do governo, que pode ser melhor do que o esperado. Dentro desse ponto de vista, o mercado parece estar operando dentro da ideia de que é mais provável o dólar voltar para R$ 5,60 do que subir para R$ 6,00”, afirma Borsoi.

    O economista, porém, vê uma tendência de valorização da moeda americana no médio prazo. Além de políticas do presidente eleito dos EUA, Donald Trump, favoráveis ao dólar globalmente, Borsoi não acredita que o Comitê de Política Monetária (Copom) leve a taxa Selic para níveis próximos de 14%, que vê como necessários para promover a convergência da inflação à meta. “E considero que o plano de controle de gastos do governo não vai se mostrar crível ao longo do tempo, assim como aconteceu com o arcabouço”, afirma.

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