• O que se sabe até o momento sobre as explosões no STF? Entenda os detalhes

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  • 14/nov 12:21
    Por Juliano Galisi / Estadão

    A Praça dos Três Poderes permanece isolada na manhã desta quinta-feira, 14, após um incidente com duas explosões na noite de quarta-feira, 13 O incidente é investigado pela Polícia Federal (PF) com a hipótese de atentado políticos.

    Um carro com explosivos foi encontrado no estacionamento da Câmara dos Deputados, nas imediações de um dos prédios anexos da Casa. O proprietário do veículo é Francisco Wanderley Luiz, de 59 anos, encontrado morto próximo à sede do Supremo Tribunal Federal (STF).

    Horas antes de morrer, Francisco Luiz, conhecido como “Tiü França”, fez publicações nas redes sociais que indicavam pretensões terroristas, além de criticar os líderes dos Três Poderes. Em 2020, Francisco Luiz foi candidato pelo PL a vereador de Rio do Sul, cidade no oeste catarinense. Recebeu 98 votos e não foi eleito. O PL, na ocasião, ainda não abrigava o ex-presidente Jair Bolsonaro, que chegou à sigla somente no ano seguinte.

    A PF e governo do Distrito Federal (GDF), por meio das polícias civil e militar, seguem apurando as circunstâncias da explosão. Veja o que se sabe até agora sobre o incidente com explosões na Praça dos Três Poderes.

    Segundo a Polícia Civil do Distrito Federal, as duas explosões na Praça dos Três Poderes ocorreram por volta das 19h30. A primeira explosão envolve um carro estacionado na Câmara dos Deputados. A segunda explosão ocorreu em frente ao prédio do STF.

    O sargento Santos, da PM do Distrito Federal, informou ao Estadão que o veículo com explosivos no estacionamento da Câmara foi parcialmente destruído por um incêndio, contido por seguranças próximos ao local. Segundo o relato do sargento, os policiais avistaram um homem saindo correndo do carro, mas presumiram que ele estava fugindo do fogo. Na verdade, tratava-se de Francisco Luiz, proprietário do carro e detonador da bomba.

    Minutos antes dessa explosão, Francisco Luiz acessou o Anexo IV da Câmara para usar o banheiro. A movimentação avistada pelos policiais e relatada pelo sargento Santos se refere ao trajeto de Francisco Santos até o STF. Ele tentou entrar na sede da Corte, mas foi impedido por seguranças.

    As circunstâncias foram narradas por um desses seguranças em depoimento à polícia. Segundo o servidor público Natanael da Silva Camelo, “o indivíduo (Francisco Luiz)” se aproximou da estátua da Justiça, que fica na frente do prédio do STF, trazendo “consigo uma mochila e estava em atitude suspeita em frente à estátua, colocou a mochila no chão, tirou um extintor, tirou uma blusa de dentro da mochila e a lançou contra a estátua”.

    O depoimento segue com Natanael dizendo que, com a aproximação dos seguranças do STF, Francisco Luiz abriu a camisa e os advertiu para não se aproximarem. O servidor público disse ter visto objeto semelhante a um relógio digital, o qual, segundo o segurança, julgou se tratar de uma bomba. “(Francisco Luiz) pegou um extintor, desistiu e o colocou no chão. Saiu com os artefatos para a lateral e lançou dois ou três artefatos, que estouraram”.

    Em seguida, Natanael conta que Francisco Luiz “acendeu o último artefato, colocou na cabeça com um travesseiro e aguardou a explosão”. O servidor afirmou ter visto “algo” atado ao corpo do morto, mas não soube precisar o que era. O corpo de Francisco Luiz permaneceu estirado no local do falecimento até o início da manhã desta quinta-feira, 14, sob a suspeita de que algum explosivo ainda estivesse ativo.

    A governadora em exercício do Distrito Federal, Celina Leão, anunciou que a Praça dos Três Poderes permanecerá isolada até que se tenha garantia de segurança no local. Celina é vice-governadora, mas está à frente da gestão da crise, uma vez que o titular do cargo, Ibaneis Rocha (MDB), se encontra em Roma, na Itália, para uma visita ao Papa Francisco.

    O inquérito da polícia distrital identificou que Francisco Luiz alugou uma casa na região da Ceilândia, em Brasília. A Polícia Federal investiga se o incidente teve motivação política. Se comprovado o teor político do atentado, o processo seria relatado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, pelo princípio do “juiz prevento”. Trata-se de um dispositivo de órgãos colegiados por meio do qual o relator de uma determinada ação fica com a guarda de outra causa de natureza semelhante. É o caso da investigação do atentado desta quarta-feira e de Alexandre de Moraes, relator dos inquéritos sobre o Ataque aos Três Poderes em Brasília em 8 de janeiro de 2023.

    Nas redes sociais, Francisco utilizava o apelido de “Tiü França” e se demonstrava adepto de teorias da conspiração. Horas antes de morrer, fez publicações que indicavam pretensões terroristas. “Pai, ‘Tiü França’ não é terrorista, né? (…) Ele apenas soltou uns foguetinhos para comemorar o dia 13”, diz um texto publicado pelo homem morto, fazendo referência à data desta terça-feira.

    Em outra publicação, Francisco Luiz publicou uma fotografia em que aparece no plenário do STF. Na legenda, o catarinense afirmou que “deixaram a raposa entrar no galinheiro”. A fotografia não é datada, mas há registros de uma visita de “Tiü França” ao STF em 24 de agosto.

    Também há registros de uma visita de “Tiü França” ao gabinete do deputado Jorge Goetten (Republicanos-SC) no ano passado. Ao Estadão, Goetten disse ter percebido o amigo “alterado” na ocasião. “Diziam que estava com problemas mentais por causa da separação da mulher”, afirma o parlamentar, relatando não saber que Francisco Luiz estava em Brasília nesta quarta-feira.

    “Conhecia ele, era um cara equilibrado. Sempre foi um cara ativo. Lamento muito o acontecido. Lamento a morte e lamento o que ele causou”, disse Jorge Goetten.

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