Combate ao fumo: município investe em ações para estimular mudanças comportamentais

Hoje é o Dia Nacional de Combate ao Fumo, que tem como objetivo reforçar as ações nacionais de sensibilização e mobilização da população para os danos sociais, políticos, econô-micos e ambientais causados pelo tabaco. Em Petrópolis, o tratamento oferecido na rede pública é orientado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA) e é baseado em terapia comportamental, ou seja, orientando a mudança do comportamento do fumante.

Realizado pela CAPS AD III (Centro de Atendimento Psicossocial em Álcool e Drogas), o Programa realiza encontros semanais em grupo, com o acompanhamento de profissionais e o uso de adesivos de reposição de nicotina e outros medicamentos, se necessário. O acompanhamento dura 12 meses, e avalia a mudança comportamental do paciente aliado a técnicas para evitar crises de abstinências e recaídas.

Ciro de Oliveira Dressler, 39 anos, faz o acompanhamento há quatro meses e conta que fez diversas tentativas antes de encontrar o CAPS. “Eu fumo desde os meus 16 anos, fumava quase um maço por dia e tentei parar diversas vezes, já achava que nunca conseguiria parar, mas com o acompanhamento e com as técnicas que conheci aqui já estou há quase três meses sem fumar, antes eu não conseguia ficar mais de dois dias. Eu acredito que vou vencer, e que serei, de fato, um ex-fumante”.

Entre as dicas e técnicas aplicadas no Centro para quem quer parar de fumar estão: tomar um pouco de água quando sentir vontade de ascender o cigarro ou comer uma semente oleaginosa. “O uso da semente foi um estudo realizado pela minha turma de doutorado, onde pesquisamos sobre a semente e a redução da fissura no tabaco, coloquei em prática aqui e funcionou”, conta a enfermeira, Sônia Silva Paiva, doutora em ciências biomédicas com especialização no assunto.

“É um desafio. A maioria dos pacientes que atendemos aqui nesse programa fazem uso de outras drogas, e eles vêem o cigarro como a redução de uso de outras drogas. Então queremos conscientizar as pessoas que o cigarro também é uma droga, e é a segunda mais utilizada no Brasil. Pesquisas apontam diversos óbitos por doenças cardíacas em decorrência do tabagismo, assim como, doenças pulmonares e cânceres”, continua Sônia.

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O tema utilizado pelo Programa no Dia Mundial Contra o Fumo é o uso do narguilé e dos cigarros eletrônicos, que são percursores do cigarro e também trazem a dependência da nicotina. “No narguilé, a exposição à fumaça é ainda maior, e como é comum o uso em grupos, tem riscos de contaminação de outras doenças, como herpes e hepatite C. O usuário inala uma quantidade de nicotina ainda maior do que se estivesse fumando o cigarro, porque se torna fumante ativo e passivo, que sofre ainda mais, pelo excesso de exposição a fumaça”, explica Sônia.

Leandra Iglesias, psicóloga e coordenadora do Caps AD III, especialista no assunto e coordenadora dos programas da Prefeitura sobre tabagismo explica a questão afetiva ligada ao uso de cigarro. “As pessoas acreditam que o cigarro acalma, mas a nicotina é uma substância excitatória do sistema nervoso central, as pessoas têm essa crença, mas ela é falsa, o uso do cigarro tem todo um conteúdo emocional, é uma relação afetiva, de dependência e leva tempo para o fumante de fato largar, estudos apontam que algumas precisam de 8 a 10 tentativas para, de fato, conseguir largar”.

Como participar

Todas as primeiras terça-feira do mês, um novo grupo é formado. O fumante passa por um atendimento individual e depois dá início ao acompanhamento em grupos. Com possibilidade de atendimento aos sábados, para quem não puder durante a semana, e criação de grupos específicos para fumantes de cigarros eletrônicos e narguilé. Para fazer o cadastro, o fumante precisa comparecer ao CAPS AD III, localizado na Rua Monsenhor Bacelar, número 492, no Centro, com documentos de identificação e a carteirinha do SUS. Em 2019, cerca de 40 pessoas iniciaram o tratamento no CAPS, apenas nove ainda estão fazendo acompanhamento nos grupos.